Líder de Macau eleito promete reforçar ligação a países lusófonos

por Lusa

O chefe do Executivo de Macau eleito prometeu hoje reforçar a ligação aos países de língua portuguesa, considerando ser uma das vantagens que a região pode usar para apoiar o desenvolvimento da China.

Sam Hou Fai lembrou que Macau, com 687 mil habitantes, tem apenas 33 quilómetros quadrados, mas a integração na China e a ligação à lusofonia permite à região aceder a mercados "com mais de 1,7 mil milhões de habitantes", sublinhou, na conferência de imprensa que se seguiu à eleição por 394 votos dos 400 membros da Comissão Eleitoral do Chefe do Executivo.

Prometeu "melhorar a ligação com os países de língua portuguesa" e fortalecer o papel de Macau como "uma ponte para maximizar as vantagens singulares" do território, como um local onde as empresas lusófonas e chinesas podem fazer negócios.

A China estabeleceu a Região Administrativa Especial de Macau (RAEM) como plataforma para o reforço da cooperação económica e comercial com os países de língua portuguesa em 2003 e, nesse mesmo ano, criou o Fórum de Macau.

O organismo integra, além da China, os nove países de língua portuguesa: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.

Desde 2003, as trocas comerciais entre a China e o bloco lusófono "aumentaram mais de 20 vezes", sublinhou Sam Hou Fai, que vai ser o primeiro líder de Macau a falar português.

As trocas comerciais entre os países de língua portuguesa e a China atingiram 132,2 mil milhões de dólares (118,4 mil milhões de euros) entre janeiro e julho, um novo máximo para os primeiros sete meses do ano.

Também os "intercâmbios entre pessoas estão a tornar-se mais estreitos", disse Sam Hou Fai, nomeadamente nas áreas financeira e comercial.

O antigo magistrado apontou como exemplo a segunda Conferência dos Governadores dos Bancos Centrais e dos Quadros da Área Financeira entre a China e os Países de Língua Portuguesa, que decorreu em Macau, em setembro.

Sam Hou Fai defendeu a necessidade de "promover ainda mais a cooperação" em setores como a economia, o turismo e a alta tecnologia.

Na conferência de imprensa, afirmou que a transição tem sido um sucesso sobretudo devido aos princípios `um país, dois sistemas` e `Macau governada por patriotas`.

Em 28 de setembro, durante a apresentação do programa político, o então candidato defendeu que Macau deve "criar empresas ou fundos controlados pelo Governo" para promover a transferência de tecnologia da China para os países lusófonos.

Sam Hou Fai prometeu "ajudar empresas de grande envergadura da China, através de Macau", a exportar produtos e serviços para mercados lusófonos, dando como exemplo veículos elétricos, eletrodomésticos e serviços de comunicação social.

Na ocasião, o magistrado disse que o Governo ia apostar na promoção para atrair mais turistas internacionais, nomeadamente da América Latina, defendendo também a criação de mais delegações turísticas de Macau, incluindo no Brasil, e a expansão da isenção de vistos.

Nascido em 1962 em Zhongshan, na vizinha província chinesa de Guangdong, Sam completou a licenciatura em Direito pela Universidade de Pequim, tendo frequentado posteriormente os cursos de Direito e de Língua e Cultura Portuguesa da Universidade de Coimbra.

O mandato do atual Chefe do Executivo, Ho Iat Seng, termina em 19 de dezembro, estando prevista a posse do novo líder em 20 de dezembro, dia em que se assinala o 25.º aniversário da constituição da RAEM, na sequência da transferência da administração de Macau, de Portugal para a China.

Tópicos
PUB