Líder da Igreja de Inglaterra cede lugar após escândalo sobre abuso sexual a crianças

por Lusa
Justin Welby deixa de ser o líder espiritual dos anglicanos Neil Turner for Lambeth Palace - Reuters

O chefe da Igreja de Inglaterra, Justin Welby, foi obrigado a demitir-se após um escândalo devido a agressão física e sexual contra dezenas de crianças, e cedeu o seu lugar ao arcebispo de York, Stephen Cottrell.

Aos 69 anos, o líder espiritual dos anglicanos foi forçado a abandonar o cargo após a publicação, no início de novembro, de um relatório contundente que concluiu que não tinha reportado imediatamente às autoridades um agressor que atacou mais de 130 crianças e jovens durante vários anos.

Este homem, advogado ligado à Igreja Anglicana, morreu em 2018 na África do Sul, sem nunca ter sido acusado.

Este escândalo chocou o Reino Unido e provocou numerosos apelos a uma reforma fundamental da Igreja de Inglaterra, cujo chefe supremo é o soberano britânico.

Tem cerca de vinte milhões de fiéis batizados, mas o número de praticantes regulares está estimado em pouco menos de um milhão, segundo dados de 2022, noticiou a agência France-Presse (AFP).

O futuro chefe da Igreja de Inglaterra será escolhido pelo rei Carlos III após um longo processo de seleção, liderado por um antigo chefe do serviço de segurança interna, o MI5. O seu nome não será conhecido até ao outono, segundo os meios de comunicação social britânicos.

Stephen Cottrell é o líder interino

De forma interina, será o arcebispo de York, Stephen Cottrell, de 66 anos, o segundo mais alto dignitário da Igreja, a assumir a instituição.

Símbolo desta transferência, Justin Welby cedeu a sua bengala, durante uma pequena cerimónia religiosa.

Nas últimas semanas, Stephen Cottrell já começou a substituí-lo durante várias cerimónias oficiais. No seu sermão de Natal, apelou à Igreja para "fazer penitência".

Mas este já tem uma autoridade enfraquecida, enquanto é criticado pela forma como geriu um caso de crime infantil.

É acusado de ter mantido no cargo um padre que tinha sido proibido pela instituição de estar sozinho com crianças após vários casos de agressão sexual.

Stephen Cottrell, ordenado sacerdote aos 25 anos e tornado arcebispo de York em 2020, reconheceu que as coisas "poderiam ter sido tratadas de forma diferente".

 

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