Estão confirmadas 5.100 vítimas mortais só na cidade de Derna, na Líbia, depois das cheias de domingo passado, mas o número poderá ascender às 20.000, admitiu um responsável local. Com tal volume de corpos, o chefe-adjunto dos programas dos Médicos Sem Fronteiras (MSF) para a Líbia afirmou que a grande prioridade é gerir a questão dos cadáveres, para evitar epidemias.
Até quinta-feira à noite, pelo menos 3.000 corpos haviam sido já enterrados em valas comuns, avançou o ministro da Saúde líbio, Othman Abduljaleel, com outros 2.000 ainda a ser processados. A maioria das vítimas está a ser enterrada nos arredores de Derna, com outras transferidas para cidade e localidade vizinhas.
As equipas de socorro continuam a efetuar buscas, tanto nos edifícios destruídos pelas águas como no mar frente à cidade, para onde terão sido arrastados muitos corpos, acrescentou o ministro.
Os mortos incluem pelo menos 84 egipcios, já trasladados para o seu país de origem, na quarta-feira. As cheias vitimaram igualmente dezenas de migrantes sudaneses.
Chantrelle referiu que os MSF estão em "contacto permanente" com o Crescente Vermelho líbio, a principal entidade de assistência humanitária de momento em Derna. A organização conta ir apoiar já esta quinta-feira os esforços de ajuda humanitária e cuidados com os sobreviventes, levando consigo 400 sacos para cadáveres e 450 `kits` médicos.
O responsável dos MSF para a Líbia salientou também ser urgente o envio de abrigos, de artigos alimentares e de outros bens de primeira necessidade, sobretudo de higiene.
Catástrofe
A Líbia foi atingida dia 10 de setembro pela tempestade Daniel, com duas cidades, Al Bayda e Darna, a sofrerem os maiores estragos. Al Bayda registou 414 mililitros de precipitação e Derna 100mm, muito acima da chuva habitual para a região neste mês, que não exede habitualmente os 1.5 mm.
Os acessos à região estão especialmente difíceis. Apesar disso, voluntários das cidades de Misrata, de Tripoli e de Benghazi, andam pelas ruas de Derna a distribuir roupas e alimentos a quem perdeu tudo nas cheias.
O chefe-adjunto dos programas dos Médicos Sem Fronteiras (MSF) para a Líbia afirmou que, assim que a delegação da MSF conseguir percorrer por estrada os cerca de 160 quilómetros que separam Tobruk de Derna, e após entregar a ajuda humanitária, irá ajudar a avaliar a situação nos hospitais de campanha locais entretanto instalados, bem como as necessidades médicas, para poder lançar a operação o mais rapidamente possível.