Líbano suspende aulas presenciais em Beirute por causa de ataques israelitas
As autoridades do Líbano anunciaram a suspensão das aulas em Beirute e arredores, a partir desta segunda-feira e até ao final de dezembro, por "razões de segurança", após uma série de ataques israelitas à capital na última semana.
O ministro da Educação, Abbas Halabi, declarou que o “ensino presencial” seria suspenso nas escolas, institutos técnicos e estabelecimentos privados de ensino superior em Beirute e nos distritos vizinhos de Metn, Baabda e Chouf.
Esta medida, tomada devido às “atuais condições de perigo” e para “garantir a segurança dos estudantes”, entra agora em vigor, aplicando-se até ao final de dezembro.O Hezbollah e Israel entraram em confronto no sul do Líbano no domingo, com o exército israelita a efetuar uma série de ataques nos subúrbios a sul de Beirute, o reduto do movimento libanês, que disparou cerca de 250 projéteis contra território israelita.
Depois de sábado ter sido um dia particularmente mortífero de bombardeamentos israelitas no Líbano, o Hezbollah anunciou domingo vários ataques com drones e mísseis contra alvos e bases militares na região de Telavive (centro) e no sul de Israel.
Em Israel, as sirenes de alerta dispararam, sobretudo nos subúrbios de Telavive, segundo o exército, que revelou que cerca de 250 projéteis firam disparados do Líbano. Algumas horas mais tarde, a Agência Nacional de Notícias do Líbano (Ani) noticiou uma série de ataques israelitas nos subúrbios do sul de Beirute, incluindo os distritos de Kaafat, Haret Hreik, Bir al-Abed e Ghobeiry.
O exército israelita afirmou então ter efetuado ataques “contra 12 centros de comando do Hezbollah” nos subúrbios do sul de Beirute.
“É a partir dos edifícios (nos subúrbios do sul) que o Hezbollah (...) dirige as suas atividades terroristas para prejudicar os cidadãos de Israel”, declarou, acusando o movimento islamita libanês de colocar intencionalmente as suas instalações entre os civis.
A Ani referiu também intensos combates em várias zonas do sul, com “um comboio de 30 veículos militares israelitas em retirada” da região de Bayada em direção a Tayr Harfa, depois de o Hezbollah ter afirmado ter destruído seis tanques Merkava israelitas e disparado quatro salvas de rockets contra as tropas israelitas estacionadas a leste da cidade de Khiam.
Israel afirma querer pôr fora de combate o Hezbollah e o Hamas palestiniano, aliados do seu inimigo Irão. Prometeu destruir o Hamas após o ataque sem precedentes do movimento islamita ao seu território, em 7 de outubro de 2023, que desencadeou a guerra na Faixa de Gaza, e procura impedir o Hezbollah de disparar rockets para o seu território.A 8 de outubro de 2023, o Hezbollah abriu uma “frente de apoio” ao seu aliado palestiniano, alvo de uma ofensiva de retaliação israelita em Gaza.
Ao cabo de um ano de violência transfronteiriça e de ter enfraquecido o Hamas em Gaza, Israel transferiu o foco das operações para o Líbano, lançando uma intensa campanha de bombardeamento a partir de 23 de setembro contra os bastiões do Hezbollah.
“Temos de pressionar o governo israelita e manter a pressão sobre o Hezbollah para que aceite a proposta americana de cessar-fogo”, afirmou no domingo Josep Borrell, chefe da diplomacia europeia, que deixa o cargo dentro de dias, sublinhando que a União Europeia está disposta a disponibilizar 200 milhões de euros para ajudar a reforçar o exército libanês. A proposta de 13 pontos para uma trégua de 60 dias e o envio do exército para o sul do Líbano foi discutida pelo enviado americano Amos Hochstein, que visitou o Líbano e Israel esta semana, mas em vão.
O Ministério da Saúde do Líbano estima que pelo menos 3.754 pessoas foram mortas no país desde outubro de 2023, a maioria das quais desde setembro deste ano.Onze mortos na Faixa de Gaza
Na outra frente de combate das forças israelitas, a Faixa de Gaza, onze palestinianos morreram em ataques.
O diretor do hospital Kamel Adwan, Hossam Abou Safiyeh, ficou gravemente ferido num ataque noturno de um drone contra o estabelecimento no norte, segundo Defesa Civil da Faixa de Gaza.
Este hospital é um dos últimos ainda a funcionar parcialmente no território palestiniano, que está mergulhado numa catástrofe humanitária.
Médio Oriente na agenda do G7
Os ministros dos Negócios Estrangeiros do G7 reúnem-se esta segunda-feira, perto de Roma, para dois dias de conversações centradas no conflito no Médio Oriente, na presença dos seus homólogos regionais.
A reunião em Fiuggi e Anagni, perto de Roma, centrar-se-á em particular nos mandados de captura emitidos pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) contra o primeiro-ministro israelita Benjamin Netanyahu, o seu antigo ministro da Defesa Yoav Gallant e o chefe do braço armado do Hamas Mohammed Deif.
Os trabalhos terão início segunda-feira à tarde, na presença do secretário de Estado norte-americano Antony Blinken, com a primeira sessão dedicada à situação no Médio Oriente e no Mar Vermelho, cinco dias depois de os Estados Unidos terem voltado a vetar o cessar-fogo em Gaza no Conselho de Segurança da ONU.
“Com os parceiros, serão discutidos os meios de apoiar os esforços para alcançar um cessar-fogo em Gaza e no Líbano, iniciativas para apoiar a população e a promoção de um horizonte político credível para a estabilidade da região”, afirmou o Ministério italiano dos Negócios Estrangeiros num comunicado de imprensa.
A Itália, que detém a presidência rotativa do grupo dos sete países mais desenvolvidos (França, Estados Unidos, Japão, Canadá, Reino Unido, Alemanha e Itália), incluiu na agenda desta reunião uma sessão de diálogo alargada aos ministros da Arábia Saudita, Egito, Jordânia, Emirados Árabes Unidos e Catar, bem como ao secretário-geral da Liga Árabe, Ahmed Aboul Gheit.
c/ agências