Líbano e braço da al Qaeda na Síria trocam prisioneiros

por Graça Andrade Ramos - RTP
Imagem capturada a partir de um vídeo da televisão do Qatar al Jazeera, que acompanhou em direto a troca de prisioneiros entre o exército libanês e a Frente al-Nusra, representante da al Qaeda na Síria Al Jazeera

Num acordo mediado pelo Qatar, a ala síria da al Qaeda, a Frente al-Nusra, entregou esta terça-feira 16 polícias e soldados libaneses em troca de 13 prisioneiros islamitas, entre eles a ex-mulher do líder do grupo Estado Islâmico Abu Bakr al-Baghdadi.

A troca efetuada na cidade de Arsal na fronteira sírio-libanesa, foi transmitida em direto pela televisão.

Um primeiro grupo de cinco detidos foi filmado a entrar numa carrinha da Cruz Vermelha libanesa. Tanto o exército como elementos da Frente al-Nusra assistiram à troca. Estes ergueram bandeiras a celebrar o sucedido.

O acordo, negociado através do Qatar, levou meses a ser concretizado. Os libaneses foram raptados o ano passado e um afirmou à televisão qatari Al Jazeera estar agradecido "à al-Nusra por nos libertar". "gostaríamos de agradecer a todos os que fizeram parte das negociações que nos trouxeram à libertação".

Ignora-se se foi pago algum resgate pelos prisioneiros.
Mulher e filhos de Bagdadi
No início da troca, os islamitas entregaram o corpo de um soldado, Mohammed Hamieh, morto pelos seus combatentes. A família recebeu-o em lágrimas. Acampavam há mais de um ano nos arredores de Beirute, capital do Líbano, exigindo a libertação dos soldados capturados.

A alegria das famílias dos soldados capturados ao saber da sua libertação. Muitas acampavam há mais de um ano nos arredores de Beirute exigindo ao Governo o seu resgate. Nove soldados continuam nas mãos do grupo Estado Islâmico e ignora-se o seu paradeiro. Foto: Reuters

Entre os detidos libertados pelo Líbano encontra-se Jumana Hmayed, preso por transportar "terroristas para o Líbano", e Saja Dulaimi, a ex-mulher do líder do grupo Estado Islâmico do Iraque e do Levante (EIIL ou ISIL), autodenominado califa do Estado Islâmico.

Dulaimi foi detida em novembro de 2014 no norte do Líbano acusada de pertencer a um grupo terrorista. Em junho de 2015 deu à luz uma menina, durante o cativeiro. Os filhos que viveram com ela na prisão estão incluídos na troca de prisioneiros.

Dulaimi disse ao reporter da Al Jazeera no local da troca que pretende ir pata a Turquia. "Sou a ex-mulher de Abu Bakr al Bagdadi. Estamos divorciados há mais de seis anos. Vou para Beirute e tenho planos de viajar para a Turquia," afirmou.

O acordo da troca quase foi anulado quando a Frente al-Nusra, considerada a representante na Síria da rede terrorista islâmica al Qaeda, exigiu à última hora incluir o processo de Mustapha Hujeiri, um dos principais negociadores do grupo e condenado à revelia pela Justiça libanesa.

Todos os preparativos foram suspensos até que as negociações foram retomadas e um acordo alcançado segunda-feira de manhã. Não foram revelados pormenores do acordo.
Daesh não responde
Os combates de agosto de 2014 em Arsal, entre forças libanesas e combatentes tanto da Frente al-Nusra como do grupo Estado Islâmico, provocaram a morte a 19 soldados. Trinta e cinco tropas e polícias foram capturados e levados para a Síria.

Sete foram libertados quase de seguida. Nos meses seguintes dois dos soldados foram decapitados pelo estado Islâmico e outros dois foram mortos pela al-Nusra. Este grupo trocou agora os 16 detidos que ainda estavam na sua posse. Nove outros permanecem com o Estado Islâmico.

Até agora foi impossível negociar a sua libertação e não se sabe nada sobre o que lhes sucedeu.
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