A crise económica no Líbano está a levar a medidas drásticas por partes dos clientes de bancos. Com medidas cada vez mais restritivas para poderem levantar as poupanças, são muitos os clientes que forçam a entrada e inclusivamente entram armados em bancos e pedem o seu próprio dinheiro. Muitas destas pessoas saem do edifício com algum do dinheiro que pedem e não são detidas nem presas por estes atos.
Desde 2019 que o país está mergulhado numa crise económica. Oitenta por cento da população encontra-se abaixo do limiar da pobreza, os números do desemprego a crescer de forma significativa. A classe média desapareceu do país e os montantes depositados perderam muito do seu valor.
A libra libanesa desvalorizou em mais de 90 por cento em relação ao dólar americano. De acordo com a Al Jazeera, os depósitos têm cada vez mais regras restritivas e poucos são os que conseguem levantar os montantes que querem do próprio dinheiro. O meio de comunicação explicou que para um levantamento de 700 dólares, apenas 200 acabam por ser dados ao cliente.
A primeira vez que se ouviu falar de um assalto deste género foi no mês de janeiro. Um homem fez várias pessoas reféns dentro do banco quando lhe foi dito que não podia levantar as próprias poupanças. O homem acabou por receber algum do seu dinheiro e entregou-se às autoridades.
Em agosto último, foi recusado a um outro cliente um levantamento de 200 mil dólares que o homem iria usar para tratar o pai doente. Na última quarta-feira, na cidade de Aley, outro episódio semelhante teve lugar num banco, com um homem a tentar levantar o próprio dinheiro.
No mesmo dia, uma mulher entrou armada num outro banco (alegou que a arma era falsa) e encharcou o edifício com gasolina. A mulher queria levantar as poupanças para usar nos tratamentos da irmã que luta contra um cancro. De um total de 20 mil dólares, a mulher conseguiu levar cerca de 13 mil.
Apesar de muitos dos clientes agirem por desespero, existe um grupo que junta muitas destas pessoas que precisam do dinheiro e assaltam bancos para poderem angariar o próprio dinheiro.
“Estas pessoas trabalharam durante décadas mas não foi para custearem palácios para os governantes, enquanto o povo nem tem dinheiro para comprar um antibiótico. Não há governo, não há plano de recuperação económica e existem poucas poupanças”, explicou Alaa Khorchid, fundador do grupo “Depositors Outcry”.
Em resposta aos pedidos da comunidade internacional, o ministro da Economia do Líbano, Amin Salam, disse à Al Jazeera que o país precisa “desesperadamente” de um resgate e o que FMI quer reformas estruturais muitos antes de isso poder acontecer.