Lei de financiamento dos EUA segue para votação final no Congresso com democratas divididos

por Lusa

O projeto de lei de financiamento do Estado apresentado no Congresso dos Estados Unidos pelos republicanos avançou hoje para votação final com apoio de senadores democratas, afastando a possibilidade de paralisação do Governo federal.

A câmara alta do Congresso tem até ao final do dia em Washington, DC para aprovar a legislação já transitada esta semana na Câmara dos Representantes (câmara baixa), que prolonga o financiamento público até setembro, e os republicanos precisavam de pelo menos 60 votos para que o texto seguisse para votação final, o que conseguiram com apoio de 10 democratas, somando 62 a favor para 38 contra.

O líder democrata do Senado norte-americano, Chuck Schumer, anunciou na quinta-feira disponibilidade para dar o aval à legislação, apesar de se opor à sua substância, devido às suas preocupações com o impacto na economia de uma paralisação e com os poderes que daria a Donald Trump e a Elon Musk.  

A posição de Schumer dividiu os legisladores democratas e motivou fortes críticas entre aqueles no partido que querem combater a agenda de Trump.

Os democratas estão sob intensa pressão para travarem o Departamento de Eficiência Governamental (DOGE, na sigla em inglês) da administração Trump, que está a eliminar agências federais e a eliminar postos de trabalho de milhares de funcionários públicos.

De forma pouco habitual, a liderança democrata da Câmara emitiu uma réplica contundente a Schumer, alertando contra cedências a Trump, ao bilionário Elon Musk e à agenda republicana que avança no Congresso.

"Os democratas da Câmara não serão cúmplices", escreveram o líder democrata da câmara baixa, Hakeem Jeffries, e os líderes da bancada democrata, Katherine Clark e Pete Aguilar, numa declaração conjunta.

"Continuamos a opor-nos firmemente ao projeto de lei de despesas partidário que está a ser analisado no Senado", afirmaram.

Hoje, Schumer recebeu um apoio inesperado - do próprio Trump, que na quinta-feira se preparava para culpar os democratas por qualquer paralisação do Estado por falta de fundos.

"Parabéns a Chuck Schumer por ter feito a coisa certa - teve `ganas` e coragem!", publicou o Presidente na sua conta nas redes sociais.

Perante o risco de alguns republicanos votarem contra o projeto de lei e provocarem o fracasso da iniciativa legislativa, Trump envolveu-se pessoalmente e telefonou a possíveis opositores.   

Antes da votação na Câmara de Representantes, o líder da minoria democrata na câmara baixa, Hakeem Jeffries, tinha afirmado que nenhum congressista do partido votaria a favor do texto, descrito como um ataque "aos veteranos, aos idosos e às famílias", devido aos cortes previstos em certas despesas públicas.

Os queda dos índices bolsistas e o aumento dos receios de recessão tornaram ainda mais urgente para Donald Trump evitar uma paralisação do governo federal.

Se o Congresso não aprovasse o texto, centenas de milhares de funcionários públicos ficariam a trabalhar a tempo reduzido e sem remuneração.

O tráfego aéreo seria interrompido, tal como o pagamento de certas ajudas alimentares a famílias com baixos rendimentos, entre outras consequências.

No seu primeiro mandato, Trump enfrentou uma paralisação parcial do governo federal durante 35 dias, numa disputa com os democratas sobre o financiamento da construção do muro na fronteira com o México.

O Congresso não conseguiu aprovar um orçamento completo para o ano fiscal de 2025 e, em vez disso, aprovou medidas provisórias que, em grande parte, mantêm o financiamento nos níveis de 2024.

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