Las Vegas Sands evita julgamento por lavagem de dinheiro pagando milhões

por Lusa

Los Angeles, Estados Unidos, 27 ago (Lusa) -- A companhia norte-americana Las Vegas Sands, também operadora de casinos em Macau, vai pagar 47 milhões de dólares (cerca de 35 milhões de euros) para evitar um julgamento num caso de branqueamento de capitais relacionado com um cliente.

O anúncio do pagamento foi feito pela Procuradoria de Los Angeles, vem citado na agência Efe e explica que a empresa de jogo alcançou um acordo na noite de segunda-feira com as autoridades federais para resolver uma investigação criminal de que era alvo depois de não cumprir com as leis que regulam as atividades dos casinos após receber dinheiro em "circunstâncias suspeitas".

As verbas analisadas pelas autoridades norte-americanas estavam relacionadas com o narcotráfico.

"O que acontece em Vegas já não fica em Vegas", assegurou o Procurador André Birotte jr, que colocou o caso como um exemplo.

O mesmo responsável disse que "todas as companhias, especialmente os casinos, estão agora avisados de que as leis dos Estados Unidos contra a lavagem de dinheiro são aplicadas em todo o mundo, inclusivamente se uma empresa arriscar perder um dos seus clientes mais rentáveis".

O caso tem como protagonista um indíviduo identificado como Zhenli Ye Gon, um homem de negócios de origem chinesa e com nacionalidade mexicana, e que é apontado como então o jogador que mais dinheiro tinha depositado no casino Venetian, uma das propriedades da Las Vegas Sands, nos Estados Unidos.

Entre fevereiro de 2005 e março de 2007, Ye Gon transferiu 45 milhões de dólares (cerca de 33 milhões de euros) para os casinos da Las Vegas Sands e realizou depósitos calculados em 13 milhões de dólares (9,7 milhões de euros) através de cheques.

O capital chegava aos Estados Unidos a partir de dois bancos e sete casas de câmbio no México e em alguns casos passava por uma empresa subsidiária das Las Vegas Sands em Hong Kong antes de chegar às contas norte-americanas.

Os casinos do grupo aceitaram o dinheiro, mesmo quando existiam irregularidades no momento de determinar os beneficiários.

Durante a investigação ficou claro para as autoridades norte-americanas que Ye Gon chegou a explicar aos funcionários da Las Vegas Sands que transferia o dinheiro em pequenas quantias para não alertar a polícia.

As normas sobre atividades bancárias exigem que os casinos que faturem, pelo menos, um milhão de dólares, informem as autoridades quando "sabem, suspeitam ou possuem razões para suspeitar" que um cliente está envolvido em atividades ilícitas.

Em março de 2007, as autoridades apreenderam a Ye Gon uma soma recorde de 207 milhões de dólares (cerca de 155 milhões de euros) no México.

Mais tarde foi acusado de narcotráfico num distrito da capital norte-americana, apesar do caso ter sido encerrado em 2009 e esteja pendente da extradição para o México onde terá de responder a acusações semelhantes.

A Las Vegas Sands, que terá de pagar os 47 milhões de dólares (cerca de 35 milhões de euros) em dez dias, reconheceu o erro ao não se dar conta da "natureza suspeita da informação ou ausência dela relativamente a Ye Gon" e admitiu que deveria ter participado às autoridades o caso.

A Procuradoria acrescentou a cooperação da empresa de jogo na investigação.

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