Mais de mil quilómetros quadrados da floresta amazónica estão a ser destruídos para implementar quintas de plantação de soja no Estado de Mato Grosso, no Brasil. Uma investigação aponta que o crescimento tem acontecido nos últimos anos apesar de acordos terem sido assinados para proteger a zona.
No entanto, nos últimos anos a desflorestação na Amazónia tem subido a um nível alarmante, com muitos ativistas a dizerem que a mesma tem sido encorajada por Jair Bolsonaro desde que chegou à presidência do Brasil. Com a moratória, muitos agricultores têm podido vender soja como um produto que não causa desflorestação.
Investigadores da ONG brasileira Instituto Centro de Vida em conjunto com a Greenpeace e o Gabinete de Jornalismo de Investigação pesquisaram imagens de satélite em vários locais de Mato Grosso, no sul da Amazónia. O Estado é o maior produtor de soja no Brasil.
As conclusões mostram que, apesar de a moratória de 2006 ter ajudado a parar a desflorestação, a mesma continuou para criar espaços de produção de outras culturas.
A professora de Geografia e Ambiente Holly Gibbs, da universidade de Wisconsin-Madison, nos Estados Unidos, revelou: “Ao mesmo tempo que os agricultores cumprem a moratória no que respeita a soja, continua a haver desflorestação ilegal para a produção de outras culturas”.
Estas novas revelações contrastam com as declarações dos grandes supermercados que dizem vender soja que já não está associada a desflorestação. A soja é usada em quintas de lacticínios, porcos e outros animais para alimentação de gado.
A Associação da Indústria de Óleos Vegetais do Brasil (Abiove), principal associação de vendedores de soja no país, revelou que a moratória de 2006 levou a uma redução da desflorestação em vários municípios.
“Se grãos de soja forem plantados [numa quinta] em locais desflorestados depois de 2008, então a quinta inteira não é compatível com a moratória da soja”, pode ler-se num comunicado.
Holly Gibbs explicou que compradores de soja nos Estados Unidos e na Europa têm de fazer maior pressão sobre os produtores. Já o Professor Raoni Rajão, da Universidade Federal de Minas Gerais, explicou que os regulamentos existentes são insuficientes.
“Apenas áreas específicas para a produção de soja são monitorizadas, algo que não acontece na propriedade por inteiro. Os produtores já perceberam esta lacuna”, concluiu.