"Um ataque com estes mísseis contra instalações russas" alertou a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo, Maria Zakharova, "
será considerado como participação direta da Alemanha nas hostilidades ao lado do regime de Kiev, com todas as consequências que isso acarreta".
Segundo a porta-voz, citada pelas agências noticiosas russas, "o disparo destes mísseis de cruzeiro é impossível sem a assistência direta da Bundeswehr", o exército alemão.
O Kremlin já tinha denunciado na segunda-feira o risco de "escalada" caso a Alemanha fornecesse aviões Taurus à Ucrânia, tendo o futuro ministro dos Negócios Estrangeiros, Friedrich Merz, dito estar aberto a isso no caso de um acordo com os europeus, algo que o seu antecessor Olaf Scholz sempre se recusou a fazer.
Em entrevista ao jornal económico alemão Handelsblatt, Armin Papperger,
CEO da Rheinmetall, um dos maiores grupos de fabrico de armas do
continente europeu, manifestou algum cepticismo em relação à entrega dos mísseis de cruzeiro
Taurus à Ucrânia.
"Isto não muda a guerra, o Taurus não muda a situação.
O que muda o jogo é a munição de artilharia convencional. Só com ela a
Ucrânia conseguirá manter os russos sob controlo", referiu.
Armin Papperger explicou ainda que a nova fábrica de munições de artilharia
construída em Unterlüss, na Baixa Saxónia, poderá produzir até 350 mil
projécteis de 155 mm por ano, em vez dos 200 mil previstos.
Acrescentou
que a fábrica de projécteis de 155 mm que está a ser construída na
Ucrânia deverá produzir "significativamente mais" do que os 150 mil
projécteis por ano inicialmente planeados, quando a produção começar em
2026.
A Rússia já tinha ameaçado o Ocidente quando forneceu a Kiev mísseis ATACMS americanos e mísseis Storm Shadow britânicos.
Depois de Kiev ter utilizado estas armas contra território russo, Moscovo respondeu disparando um novo míssil hipersónico experimental, o Oreshnik, contra uma grande fábrica militar ucraniana.
A Rússia ameaçou voltar a usar o míssil.
com AFP