Kremlin assinala reaproximação. Putin e Trump "entendem-se bem e confiam um no outro"
Depois da chamada telefónica entre os líderes norte-americano e russo, o Kremlin disse que Donald Trump e Vladimir Putin "se entendem bem" e estão determinados a restaurar os laços. Esta quarta-feira é a vez de o presidente norte-americano conversar com o homólogo ucraniano.
"É claro que a Rússia e os Estados Unidos são países muito grandes e muita coisa foi deteriorada durante as anteriores administrações dos EUA", disse Peskov, afirmando que há muito tempo que existe uma linha telefónica direta entre os presidentes dos dois países, mas que quase não foi utilizada durante a administração de Joe Biden.
"Portanto, é claro que será necessário tempo e esforço, apoiados pela vontade dos dois presidentes, para restaurar estas relações. Mas, por enquanto, esta forte vontade dos dois presidentes é provavelmente a melhor garantia de que todos seguirão este caminho", asseverou.As declarações de Peskov seguem-se ao telefonema entre Trump e Putin, na terça-feira, em que o líder russo concordou em cessar os ataques a infraestruturas energéticas ucranianas por 30 dias.
Vladimir Putin recusou, no entanto, endossar um cessar-fogo total de 30 dias, que Trump esperava que fosse o primeiro passo para um acordo de paz permanente.
O Ministério russo da Defesa anunciou esta quarta-feira que a Rússia e a Ucrânia fizeram uma troca de prisioneiros, que foi finalizada durante a chamada telefónica entre Trump e Putin. Segundo o comunicado, cada uma das partes trocou 175 soldados.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, já confirmou esta informação, afirmando que foi “uma das maiores” trocas realizadas entre os dois países.
Trump fala agora com Zelensky
Depois de Putin, o presidente norte-americano fala esta quarta-feira com o seu homólogo ucraniano.
Zelensky afirma que a Ucrânia apoiaria uma proposta dos Estados Unidos para travar os ataques às infraestruturas energéticas russas, mas, primeiro, quer obter mais informações de Washington sobre o teor das negociações entre os EUA e a Rússia sobre o conflito na Ucrânia.
"Penso que será correto termos uma conversa com o presidente Trump e saberemos em pormenor o que os russos ofereceram aos americanos ou o que os americanos ofereceram aos russos. Depois de obtermos detalhes do presidente americano, do lado americano, daremos a nossa resposta, prepará-la-emos e a nossa equipa estará pronta para discussões técnicas", disse.
O presidente ucraniano instou os EUA a monitorizar o cessar-fogo entre a Ucrânia e a Rússia, afirmando que as palavras de Putin não foram suficientes e que a Ucrânia iria fornecer uma lista de instalações energéticas que espera que o Washington e os aliados ajudem a monitorizar.
"Quero muito que haja controlo. Mas acredito que o principal agente desse controlo deve ser os Estados Unidos da América", disse, acrescentando que Kiev estaria pronta para se comprometer com um cessar-fogo.
"Se os russos não atacarem as nossas instalações, então definitivamente não atacaremos as deles", disse Zelensky.Logo após a conversa telefónica de terça-feira entre Trump e Putin, Moscovo e Kiev lançaram ataques aéreos durante a noite que danificaram infraestruturas.
Zelensky disse que o ataque, que a força aérea disse ter envolvido 145 drones, mostrou que "as palavras de Putin são muito diferentes da realidade" e apelou à ajuda militar ocidental contínua à Ucrânia.
A Ucrânia diz ter destruído 72 drones, enquanto a Rússia disse que as suas unidades de defesa aérea abateram 57 drones ucranianos, mas não revelou quantos foram lançados. Moscovo disse que a Ucrânia atingiu uma estação de bombeamento de petróleo no sul da Rússia.
c/ agências