Kim Jong-un e Moon Jae-in iniciaram cimeira histórica

por Mário Aleixo, Graça Andrade Ramos - RTP
No início dos trabalhos, e segundo a Associated Press, Kim Jong-un disse a Moon Jae-in que não iria repetir o passado em que as duas partes se mostraram "incapazes de alcançar acordos" Yonap - EPA

Os presidentes da Coreia do Norte e da Coreia do Sul cumprimentaram-se com um aperto de mão na zona desmilitarizada entre os dois países, onde decorre esta sexta-feira a cimeira já classificada de "histórica" entre Kim Jong-un e Moon Jae-in.

Os relógios marcavam a 1h30 em Lisboa, 9h30 na Península Coreana, quando Kim Jong-un chegou à linha de fronteira.

Segundo a France Presse, antes de a cimeira ter início, o líder norte-coreano saudou o nascimento de uma nova era de paz. "Uma história nova começa agora - no ponto de partida da história e de uma era de paz", escreveu no livro de honra colocado nas instalações, no lado sul da fronteira, onde decorrem as conversações.

O Presidente da Coreia do Sul disse, por seu turno, esperar que o mundo esteja de olhos postos nesta primavera que está a começar na Península Coreana, reconhecendo, no entanto, que ambos têm um grande peso em cima dos ombros.

Depois de darem um aperto de mão por cima da linha que separa as duas Coreias, no paralelo 38, Kim Jong-un e Moon Jae-in seguiram para o local da cimeira.Frente a frente


Kim Jong-un e o Moon Jae-in sentaram-se frente-a-frente numa mesa oval, cada um rodeado por dois assistentes, permitindo que o arranque das conversações fosse transmitido em direto pelas televisões.

No início dos trabalhos, e segundo a Associated Press, Kim Jong-un disse a Moon Jae-in que não iria repetir o passado em que as duas partes se mostraram "incapazes de alcançar acordos".


Este encontro é o terceiro do género desde o fim da guerra da Coreia, que terminou em 1953.

É o arranque de uma cimeira histórica e carregada de simbolismos, como explica o jornalista da Antena 1 Nuno Carvalho.

Kim Jong-un disse ainda ao seu homólogo que não voltaria a "interromper o seu sono matinal", numa alusão a testes de mísseis.Kim Jong-un na Casa Azul
O líder da Coreia do Norte mostrou-se disponível para visitar o palácio presidencial do seu homólogo do Sul, em Seul, anunciaram as autoridades sul-coreanas.

A France Presse cita ainda o diáologo ocorrido entre os dois líderes, referindo que Moon disse a Kim que poderia mostrar-lhe coisas bem melhores do que as visíveis das instalações onde decorre a cimeira, nomeadamente a Casa Azul, o palácio presidencial em Seul.

"Irei à Casa Azul a qualquer momento se me convidar", respondeu o líder da Coreia do Norte.

A disponibilidade do líder norte-coreano surgiu, segundo fontes de Seul, citadas pela Associated Press, depois de Moon Jae-in ter sugerido a realização de mais cimeiras entre os dois líderes da Península.Mais encontros à tarde
As autoridades sul-coreanas afirmaram entretanto que Kim e Moon tiveram conversas "sinceras e francas" sobre a desnuclearização e que estão a trabalhar na redação do comunicado conjunto.

O líder da Coreia do Norte e o Presidente sul-coreano "tiveram um diálogo sincero e franco sobre a desnuclearização e o estabelecimento de uma paz permanente na península coreana, assim como sobre o desenvolvimento das relações intercoreanas", afirmou aos jornalistas o porta-voz da Presidência da Coreia do Sul, Yoon Young-chan.

Os dois líderes devem encontrar-se de novo à tarde, para novas reuniões, acrescentou, revelando que o comunicado conjunto que está a ser preparado será emitido após as reuniões.Reações internacionais


De Washington, chega o desejo de que esta encontro entre Coreias conduza a um futuro de paz. Essa é a mensagem deixada pela Casa Branca.

"Esperamos que as conversações permitam caminhar para um futuro de paz e de prosperidade para toda a Península Coreana", afirmou a Casa Branca em comunicado, pouco depois de os líderes das duas Coreias darem um aperto de mão sobre a linha de separação entre os dois países no paralelo 38.

Washington desejou ainda "boa sorte ao povo coreano" e sublinhou a sua intenção de "prosseguir as discussões aprofundadas para a reunião prevista entre o presidente Donald J. Trump e Kim Jong-un nas próximas semanas".

O Presidente norte-americano está à espera dos resultados.


Mais cético é o primeiro-ministro australiano Malcolm Turnbull, que disse duvidar que a cimeira traga mudanças significativas.

Já o Japão recusa-se a especular sobre o que poderá originar concretamente o encontro dos líderes coreanos.

À entrada para uma cimeira da NATO que está a decorrer em Bruxelas, o ministro dos Negócios Estrangeiros do Reino Unido saudou o encontro coreano.

c/ agências

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