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Kiev rejeita proposta de cessar-fogo apresentada por Vladimir Putin

por Graça Andrade Ramos - RTP
Vladimir Putin voltou a repetir a 14 de junho de 2024 as condições de Moscovo para um cessar-fogo na Ucrânia Maxim Shemetov - Reuters

O presidente russo, Vladimir Putin, propôs esta sexta-feira um cessar-fogo com a Ucrânia, condicionando-o à entrega das quatro províncias do leste ucraniano, que tenta desde 2014 anexar, e à retirada completa das tropas de Kiev.

Putin exigiu igualmente que a Ucrânia desista das ambições de pertencer à NATO, considerando as condições "muito simples".

Kiev rejeitou de imediato tais termos, afirmando que correspondem a uma capitulação completa.

O presidente Volodymyr Zelensky comparou mesmo o presidente russo a Hitler e acusou-o de mentir.

A proposta de Vladimir Putin surge na véspera de uma cimeira de paz para a Ucrânia, a ter lugar na Suíça e da qual a Rússia foi excluída.

As batalhas na Ucrânia têm-se centrado precisamente em torno das províncias de Donetsk, Lugansk, Kherson e Zaporizhia, assim como na Crimeia. A ofensiva da primavera correu bem à Rússia em termos de ganhos territoriais, sobretudo por esgotamento dos arsenais ucranianos, mas recentes remessas ocidentais têm possibilitado ao exército ucraniano responder ao avanço russo.

Vladimir Putin parece estar confiante de que a guerra está a correr bem a Moscovo, ao apresentar a proposta durante uma reunião de quadros do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia.

Além da retirada ucraniana e das cedências territoriais, o presidente russo exigiu a desmilitarização da Ucrânia, tal como havia feito na altura da invasão a 24 de fevereiro de 2022, e a "desnazificação" do país.

Putin acrescentou que o fim das sanções ocidentais à Rússia deve integrar o pacote do cessar-fogo.
Rejeição total
Em Itália para reunião do G7, o presidente ucraniano não hesitou em classificar a proposta como um "ultimatum" à maneira "de Hitler".

Em entrevista à cadeia Sky TG24, rejeitou as condições, afirmando que "Putin quer que nós cedamos uma parte do nosso território ocupado, mas quer também os que não estão ocupados".

"Estas mensagens são mensagens de ultimatum", acrescentou. "Hitler fazia a mesma coisa, quando dizia 'dêem-nos uma parte da Checoslováquia e ficamos por aqui'. Mas não, estas são mentiras", concluiu.

Mal foi anunciada as propostas, Kiev afirmou que elas "desafiam o bom-senso".

Reação publicada na rede X pelo conselheiro da presidência ucraniana, Mykhailo Podoliak, para quem "é necessário livrar-se destas ilusões" e deixar de dar crédito "às propostas da Rússia", que "desafiam o bom senso".

A proposta de negociações de Putin não "foi feita de boa fé", afirmou por seu lado o secretário-geral da NATO.

Em Bruxelas, à saída de uma reunião de ministros da Aliança, Jens Stoltenberg considerou-a "uma proposta que significa que a Rússia poderia alcançar os seus objetivos de guerra, esperando que a Ucrânia abandone de forma significativa ainda mais território do que a Rússia foi capaz de ocupar até agora".

Por seu lado, os países do G7, reunidos em Itália, prometeram na sua declaração final "apoiar a Ucrânia tanto tempo quanto o necessário", reafirmando ainda os "esforços coletivos para desarmar e secar os financiamentos do complexo militar-industrial russo", de acordo com a Agência France Press, que teve acesso ao documento.

Recentemente, os aliados de Kiev autorizaram o exército ucraniano a usar armamento ocidental para atingir alvos militares legítimos em território russo, para fúria de Moscovo.

Esta quinta-feira foi ainda aprovado um empréstimo de 50 mil milhões de dólares a Kiev, gerado pelos juros dos bens congelados da Rússia. 

Volodymyr Zelensky já agradeceu.
Vários líderes mundiais participam este fim de semana na cimeira da paz, na Suíça, promovida pela Ucrânia, para discutir formas de por fim à guerra. A China rejeitou participar.
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