Kiev. Nenhuma cidade ou unidade ucraniana está cercada em Pokrovsk ou Myrnohrad

As Forças Armadas ucranianas garantiram hoje que não há qualquer cerco ou bloqueio, por parte das forças russas, de cidades ou unidades militares na aglomeração de Pokrovsk e Myrnohrad, na região de Donetsk (leste).

Lusa /

A informação foi adiantada pelo major Andrii Kovalov, porta-voz do Estado-Maior das Forças Armadas da Ucrânia, à agência de notícias Ukrinform.

"Neste momento, não há qualquer cerco ou bloqueio de cidades na aglomeração de Pokrovsk-Myrnohrad. Da mesma forma, nenhuma unidade das Forças de Defesa da Ucrânia está cercada", assegurou Kovalov.

Segundo o porta-voz do Estado-Maior, as unidades das Forças Armadas da Ucrânia estão a fazer tudo o que é possível para manter a logística.

Acrescentou que a situação em Pokrovsk é difícil, mas que está em curso uma complexa operação para detetar as forças inimigas dentro da área urbana, destruí-las e expulsar os invasores russos de Pokrovsk.

O Estado-Maior das forças ucranianas instou ainda o público a basear-se em fontes oficiais de informação e a não divulgar dados não verificados.

As Forças de Defesa da Ucrânia impediram a expansão da presença militar russa na parte norte de Pokrovsk e evitaram que o inimigo cortasse a estrada que liga a cidade a Rodynske, noticiou ainda a Ukrinform.

As forças aerotransportadas das Forças Armadas da Ucrânia revelaram que continuavam hoje intensos combates urbanos em Pokrovsk.

Na segunda-feira, o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, tinha indicado que a Rússia está a concentrar os seus ataques contra a Ucrânia em Pokrovsk, deixando as tropas ucranianas em situação "difícil", mas sem conseguir tomar a localidade estratégica.

Pokrovsk, que contava com cerca de 60 mil habitantes antes da invasão, situa-se num ponto estratégico de cruzamento ferroviário e rodoviário, o que significa que uma captura ia abrir caminho para oeste, onde as defesas ucranianas são menos fortificadas.

Segundo o Instituto para o Estudo da Guerra (ISW), a Rússia conquistou 461 quilómetros quadrados de território ucraniano durante outubro, ligeiramente acima dos 447 registados em setembro, aproximando-se da média mensal de 2025.   

Em julho, o Exército russo tinha atingido o pico anual, com 634 quilómetros quadrados conquistados.

No final de outubro, as forças russas controlavam total ou parcialmente 19,2% do território ucraniano, incluindo áreas já ocupadas antes da invasão iniciada em fevereiro de 2022, como a Crimeia e partes do Donbass.

A região de Donetsk foi a que registou maiores progressos russos no mês, com 169 quilómetros quadrados conquistados, uma média de 5,5 quilómetros quadrados por dia, permitindo que Moscovo reivindique o controlo de cerca de 81% da região, além de quase toda a vizinha Luhansk.

A Rússia invadiu a Ucrânia a 24 de fevereiro de 2022, com o argumento de proteger as minorias separatistas pró-russas no leste e "desnazificar" o país vizinho, independente desde 1991 - após a desagregação da antiga União Soviética - e que tem vindo a afastar-se do espaço de influência de Moscovo e a aproximar-se da Europa e do Ocidente.   

No plano diplomático, a Rússia rejeitou até agora qualquer cessar-fogo prolongado e exige, para pôr fim ao conflito, que a Ucrânia lhe ceda pelo menos quatro regiões - Donetsk, Lugansk, Kherson e Zaporijia - além da península da Crimeia, anexada em 2014, e renuncie para sempre a aderir à NATO (Organização do Tratado do Atlântico-Norte, bloco de defesa ocidental).  

Estas condições são consideradas inaceitáveis pela Ucrânia, que, juntamente com os aliados europeus, exige um cessar-fogo incondicional de 30 dias antes de entabular negociações de paz com Moscovo.  

Por seu lado, a Rússia considera que aceitar tal oferta permitiria às forças ucranianas, em dificuldades na frente de batalha, rearmar-se, graças aos abastecimentos militares ocidentais.

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