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Kiev admite "situação crítica". Grupo Wagner reivindica tomada da "totalidade" de Bakhmut

por Carlos Santos Neves - RTP
Um soldado ucraniano da terceira brigada de assalto dispara uma bateria Howitzer D30 perto de Bakhmut, numa fotografia captada em abril Sofiia Gatilova - Reuters

O número um do grupo de mercenários Wagner – crítico público da burocracia de Moscovo mas ainda ao serviço do Kremlin - reclamou este sábado a tomada da “totalidade” de Bakhmut, cidade martirizada do leste da Ucrânia. Yevgeny Prigozhin deu este objetivo por controlado ao cabo de “224 dias” de batalha. As estruturas militares ucranianas reconhecem que "a situação é crítica".

“A 20 de maio de 2023, hoje, ao meio-dia, Bakhmut foi tomada na sua totalidade”. É o que proclama Prigozhin, o oligarca à cabeça do grupo de combatentes mercenários empenhado na invasão da Ucrânia, em video divulgado na plataforma de mensagens Telegram.

O número um do grupo Wagner surge, uma vez mais, ao lado de homens armados diante de edifícios em escombros, empunhando a bandeira russa. Para assinalar que “a operação para a tomada de Bakhmut durou 224 dias”.


Crédito: Concord via Reuters

Prigozhin desfere também farpas aos presidentes da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, e dos Estados Unidos, Jor Biden, que se encontram em Hiroshima para a cimeira do G7. “Hoje, quando vires Biden, beija-o no topo da cabeça e diz-lhe olá por mim”, ironiza o oligarca, dirigindo-se a Zelensky.“Já só há o grupo Wagner aqui”, afirma Yevgeny Prigozhin no vídeo difundido este sábado.

Num primeiro momento, ouvido pela agência Reuters, Serhiy Cherevatyi, porta-voz militar ucraniano, desmentiu, como tem acontecido ao longo de meses, as afirmações do líder do grupo Wagner.

“Isto não é verdade. As nossas unidades estão a combater em Bakhmut”, contrapôs.

Mais tarde, a vice-ministra ucraniana da Defesa, Hanna Maliar, veio admitir que as tropas do país estão a viver uma "situação crítica" em Bakhmut, encontrando-se a defender a zona sudoeste da cidade.

"Combates duros em Bakhmut. A situação é crítica", admitiu a vice-ministra do Telegram.
Paulo Jerónimo e José Pinto Dias, enviados especiais da RTP à Ucrânia

Recorde-se que Kiev havia reivindicado, na última semana, a recuperação de mais de 20 quilómetros quadrados de território às forças russas, a norte e a sul de Bakhmut. Ainda assim, o comando ucraniano admitiu que os mercenários da Rússia estavam a fazer progressos no coração da cidade.
“Batemo-nos com a burocracia russa”
No vídeo agora conhecido, Prigozhin volta à carga com críticas ao processo de decisão no Ministério russo da Defesa: “Não nos batemos apenas com o exército ucraniano em Bakhmut, mas também com a burocracia russa, que nos pôs pedras no caminho”.

O número um da organização de mercenários voltou assim a apontar o dedo quer ao ministro russo da Defesa, Sergei Shoigu, quer ao chefe do Estado-Maior, Valery Gerasimov, responsabilizando-os por terem morrido “cinco vezes mais” combatentes do que seria previsível.

No seu mais recente relatório sobre a situação no teatro de guerra, os serviços secretos britânicos consideram “altamente provável” que Moscovo tenha destacado vários batalhões para reforçar o sector de Bakhmut, na sequência de ganhos táticos dos ucranianos nas imediações da cidade.

O próprio Yevgeny Prigozhinjá admitiu que Bakhmut, uma cidade de 70 mil habitantes antes da invasão russa, não comporta um elevado significado estratégico, mas ascendeu em simbolismo com a dureza dos combates ali travados.
Kiev debaixo de ataque com drones
Na última madrugada, a capital da Ucrânia voltou a ser alvo de uma vaga de drones da Rússia. Vários destes aparelhos de produção iraniana foram abatidos sobre Kiev, como testemunharam os enviados da RTP.
Ao todo, as forças russas terão lançado 21 aparelhos não tripulados. Dezoito foram destruídos pela defesa antiaérea. Os alarmes fizeram-se ouvir logo após a 1h00. Cinco minutos depois, ocorreu a primeira explosão.

Os destroços dos drones causaram um incêndio no telhado de um prédio de nove andares e partiram os vidros de automóveis, sem notícia de vítimas.

Este foi o 11.º ataque a Kiev só no mês de maio.

c/ agências
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