Kiev acredita que Moscovo está a usar norte-coreanos para rechaçar ucranianos em Kursk

por Carlos Santos Neves - RTP
O balanço diário das Forças Armadas ucranianas dá nota de um total de 62 combates, em 24 horas, próximos de Pokrovsk Sergey Pivovarov - Reuters

O presidente da Ucrânia veio este sábado afirmar que a cúpula militar de Moscovo estará a recorrer a soldados da Coreia do Norte em ações ofensivas na porção da região russa de Kursk ocupada pelo exército ucraniano. Estas tropas disponibilizadas a Vladimir Putin por Pyongyang terão já sofrido “perdas notáveis”, ainda segundo Volodymyr Zelensky.

“Há informações preliminares a indicar que os russos começaram a utilizar soldados da Coreia do Norte em assaltos numa quantidade assinalável”, indicou o presidente ucraniano na sua alocução diária ao país.

De acordo com Zelensky, o comando russo está integrar os operacionais norte-coreanos “em unidades combinadas e a utilizá-los em operações na região de Kursk”. “Até ao momento, apenas nesta região, mas temos informações de que eles poderão ser empregues em outras zonas da frente”, acrescentou.

O chefe de Estado ucraniano acusou também o Kremlin de estar a elevar a guerra a “uma outra etapa”. “Se isto não é uma escalada, então o que é a escalada de que muitos falam?”, prosseguiu Volodymyr Zelensky, referindo-se aos atores internacionais mais reticentes no apoio a Kiev, invocando o receio, precisamente, de uma escalada com Moscovo.

Segundo Kiev, a Rússia terá já mobilizado perto de 50 mil soldados, entre os quais milhares de norte-coreanos, para recuperar o controlo sobre os segmentos de Kursk ocupados desde agosto pelo exército ucraniano.No final de novembro, o secretário norte-americano da Defesa, Lloyd Austin, avançou com a estimativa de dez mil operacionais da Coreia do Norte destacados por Moscovo para Kursk.

Fontes sul-coreanas, citadas pelas agências internacionais, adiantavam, no mês passado, que Moscovo estaria a fornecer combustíveis, mísseis antiaéreos e ajuda financeira a Pyongyang em troca dos seus soldados.
Mudança no comando ucraniano em Donetsk
Entretanto, o Estado-Maior ucraniano operou uma alteração de comando na região oriental de Donetsk, substituindo o general Oleksandr Lutsenko pelo general Oleksandr Tarnavskiy, noticiou a agência Reuters.

Oleksandr Lutsenko vinha sendo alvo de críticas quer por parte de bloggers militares, quer de legisladores em Kiev, pela aparente incpacidade de travar a progressão das tropas russas para a estratégica cidade ucraniana de Pokrovsk – um ponto-chave das logísticas militar e civil.Zelensky procedera já em novembro a uma vaga de substituições no comando da guerra.

Este sábado, o comando militar ucraniano de Khortytsiya confirmou que as forças de Moscovo conseguiram suplantar várias posições ucranianas em localidades nas imediações de Pokrosvsk, melhorando assim o posicionamento tático, ao cabo de “batalhas desgastantes”.

Diante deste ascendente, às tropas de Kiev não tem restado outra alternativa além do recuo.

O balanço diário das Forças Armadas ucranianas dá nota de um total de 62 combates, nas últimas 24 horas, próximos de Pokrovsk, onde subsistem cerca de 11 mil habitantes praticamente sem infraestruturas críticas – desde o abastecimento de eletricidade à água potável e ao gás.

Pokrovsk situa-se na interceção de diversas estradas e linhas férreas de elevado valor estratégico, a cerca de 20 quilómetros da fronteira administrativa da região de Donetsk, no leste do país. A Rússia tem procurado alcançar esta linha desde os primeiros momentos da invasão.

c/ agências
Tópicos
PUB