Kiev acredita que mais aliados seguirão exemplo dos EUA na entrega de Patriot

por Lusa

O ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano, Dmytro Kuleba, disse hoje acreditar que a decisão dos Estados Unidos de fornecer à Ucrânia defesas antiaéreas Patriot será seguida de medidas semelhantes por outros aliados.

"A Ucrânia receberá em breve a primeira bateria destes sistemas de última geração, o que constitui um nível completamente novo de proteção dos céus. E ainda mais importante é que esta decisão do Presidente Biden abre a porta a outros Patriots", disse Kuleba numa mensagem do Facebook, segundo a Ukrinform.

O chefe da diplomacia ucraniana observou que o caminho para esta decisão começou mesmo antes da guerra em grande escala, e recordou que o primeiro a pedir publicamente aos EUA para fornecer este sistema de defesa foi o chefe do gabinete presidencial ucraniano, Andriy Yermak, em abril de 2021

"Lembro-me do ceticismo em relação a este apelo naquela altura, mas acreditámos e trabalhámos a todos os níveis. Lembro-me de que em novembro/dezembro de 2021 levantei esta questão nas negociações", disse Kuleba.

Acrescentou que nos primeiros dias da guerra, o próprio Kuleba, o presidente ucraniano Volodymir Zelensky, Andriy Yermak e o ministro da Defesa ucraniano Oleksii Reznikov tentaram convencer novamente os seus parceiros norte-americanos da necessidade de sistemas Patriot.

"Já no final de novembro, intensificámos novamente esta conversa. Em particular, quando estive na reunião ministerial da NATO, disse francamente que tinha vindo para os transformadores e Patriot", disse Kuleba.

O envio dos Patriot, anunciado quarta-feira pouco antes da chegada de Zelensky a Washington, "é um passo muito importante na criação de um espaço aéreo seguro para a Ucrânia" disse o Presidente ucraniano, no final de uma conferência de imprensa ao lado do homólogo norte-americano, após uma reunião bilateral na Casa Branca.

Zelensky frisou que este sistema de mísseis, que os EUA vão fornecer pela primeira vez desde o início da invasão russa da Ucrânia, que dura há mais de 300 dias, ajudará a conter os "ataques às infraestruturas".

De acordo com Kuleba, o "acordo final" foi alcançado em dezembro durante uma conversa telefónica entre os líderes ucranianos e americanos.

"Patriots na Ucrânia significa salvar vidas civis e infraestruturas. É mais uma derrota estratégica para a Rússia, que perderá força para a intimidação e o terror. Aproxima-se o dia da nossa vitória. Tanto mais que muitas outras questões importantes para além de Patriots foram discutidas nas conversações", sublinhou Kuleba.

A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de mais de 14 milhões de pessoas -- 6,5 milhões de deslocados internos e mais de 7,8 milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

Neste momento, 17,7 milhões de ucranianos precisam de ajuda humanitária e 9,3 milhões necessitam de ajuda alimentar e alojamento.

A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.

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