KHUNTO abandona coligação com Xanana Gusmão, alternativa ao atual Governo timorense

por Lusa
Lusa

O partido timorense KHUNTO anunciou hoje a sua saída da aliança com o CNRT, segundo força do país liderada por Xanana Gusmão, declarando que vai apoiar o atual executivo do qual continua a fazer parte.

"Em consciência, neste momento (...) e por causa da situação muito difícil, o partido KHUNTO tomou a decisão, considerando o interesse do povo (...) de sair da nova coligação de aliança de maioria parlamentar", refere uma carta dos líderes do partido a que a Lusa teve acesso.

A posição do Kmanek Haburas Unidade Nacional Timor Oan (KHUNTO) é transmitida numa carta, endereçada a Xanana Gusmão e assinada pela presidente do partido, Armanda Berta dos Santos e pelo secretário-geral José Agustinho da Silva, secretário-geral e a que a Lusa teve acesso.

Na curta carta de pouco mais de uma página, os líderes do KHUNTO confirmam a decisão do partido "sair da nova coligação de aliança de maioria parlamentar", que tinha sido formada por seis forças políticas como alternativa ao atual executivo.

Os dois líderes do KHUNTO justificam a decisão com o facto de continuar a não haver certeza sobre a solução do impasse político que afeta Timor-Leste "nos últimos três anos" e por querer continuar a assumir uma posição que ajude a encontrar "uma solução para esse impasse".

Manifestando "todo o respeito" por Xanana Gusmão, pelo seu partido, o Congresso Nacional da Reconstrução Timorense (CNRT) e pelas restantes forças políticas da aliança, o KHUNTO rompe assim com o acordo assinado pelos partidos políticos a 22 de fevereiro.

 "A situação da coligação ainda não foi confirmada nem a aceitação do Presidente da República para a existência dessa coligação enquanto alternativa para formação do IX Governo", escrevem.

O partido tem em conta a "declaração de confiança e todo o apoio do Presidente da República ao primeiro-ministro Taur Matan Ruak para continuar a liderar o VIII governo" e o facto de membros do KHUNTo "participarem na estrutura do atual executivo".

Motivo pelo qual "decidiu dar todo o apoio ao atual Governo Constitucional até ao ano de 2023", data prevista das próximas eleições.

A saída do KHUNTO ocorre menos de dois dias depois dos deputados do partido terem votado contra instruções acordadas numa reunião da liderança da aliança, presidida por Xanana Gusmão, de que votariam contra a extensão do estado de emergência.

Isso levou o chefe da bancada do CNRT, Duarte Nunes, a afirmar à Lusa que a aliança estava morta.

Hoje, no final do Conselho de Ministros, o chefe do Governo Taur Matan Ruak, informou os membros do executivo de que vai convidar elementos da Fretilin para ocupar várias pastas que ainda estão vagas no Governo, continuando a contar com os atuais titulares em funções.

Apesar das tensões políticas e das alterações nas alianças partidárias, o atual Governo continua a contar com membros dos partidos da Aliança de Mudança para o Progresso (AMP), que venceram as eleições antecipadas de 2018: CNRT, KHUNTO e Partido Libertação Popular (PLP), do primeiro-ministro.

Taur Matan Ruak  informou os membros do Governo que ninguém vai ser exonerado dos cargos e que os elementos do CNRT podem continuar nos cargos, se assim o desejarem.

Mari Alkatiri, secretário-geral da Fretilin, disse à Lusa que membros do seu partido, com cariz "tecnocrata" vão ocupar, entre outras, as pastas da Finanças, Administração Estatal, Saúde e Turismo Comércio e Indústria no atual Governo timorense.

Em concreto, explicou, a Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin) terá cinco membros no executivo, recomendando um sexto nome, do Partido Democrático (PD) para formar um executivo "de grande inclusão".

O PD é outro dos partidos que integrava a aliança com o CNRT, tendo o seu presidente votado a favor da extensão do estado de emergência, na segunda-feira, e os restantes deputados do partido decidido abster-se.

"Serão cinco da Fretilin e um do PD. Agora está nas mãos do primeiro-ministro acelerar o processo de apresentar propostas ao Presidente da República e o Presidente considerar e dar posse", afirmou.

"Os membros do CNRT, que estão no Governo, nenhum vai ser demitido. A não ser que haja uma decisão do próprio partido a retirá-los e eles optem por pedir a demissão", afirmou.

Taur Matan Ruak tem marcada a sua reunião semanal com o Presidente da República para quinta-feira, altura em que poderá já apresentar os novos membros indigitados para o executivo.

 

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