Kamala Harris concede derrota perante Donald Trump mas garante: "nunca iremos desistir"

por RTP
Kamala Harris concede eleição a Donald Trump Angela Weiss - AFP

A vice-presidente democrata dirigiu-se esta noite ao país, reconhecendo a derrota perante o rival republicano na corrida à Casa Branca. Num discurso a partir da Universidade Howard, em Washington DC, Kamala Harris proferiu um discurso calmo e ponderado, consolando os seus eleitores, sem contudo oferecer soluções aos problemas que afetam o país.

"Não era o que queríamos nem aquilo pelo que votamos", reconheceu, depois de afirmar ter o "coração cheio de gratidão" e de agradecer ao presidente Joe Biden.

Num discurso de 12 minutos, a política democrata disse já ter admitido numa conversa com Trump a derrota eleitoral.

"Devemos aceitar os resultados", afirmou, lembrando que "devemos lealdade à Constituição dos EUA", acrescentou, garantindo ainda que a transição será "pacífica".

Ao apelar ao respeito dos resultados, Kamala referiu que é isso que "distingue a democracia da anarquia e da tirania", numa alfinetada a Trump, ao aludir ao não reconhecimento deste da derrota eleitoral há quatro anos e ao assalto dos seus apoiantes ao Capitólio que se seguiu.

Kamala Harris prometeu ajudar o seu adversário eleito e ex-presidente norte-americano entre 2017 e 2021, numa "transição de poder pacífica", mas deixou em advertência que "não devemos lealdade a um a presidente ou a um partido, mas à Constituição dos Estados Unidos da América".

A candidata referiu contudo que os resultados e a derrota não significam o fim. "Esta não é altura para desalento", afirmou. "Nunca iremos desistir de lutar".

"Lutar pelo nosso país vale sempre a pena", afirmou.
A "luz" da América
Kamala Harris sublinhou que não concederá nas razões que desencadearam a sua campanha "pela liberdade, oportunidades, justiça e dignidade" e ainda pelas "ideias que refletem a América no seu melhor", onde as mulheres podem tomar "decisões sobre o seu próprio corpo" e com proteção das escolas e ruas do país da violência das armas.
"Escutem-me bem, a luz da América vai sempre resplandecer enquanto continuarmos a lutar, disse.

Dirigindo-se aos jovens, Kamala desafiou-os a nunca desanimar.

"Às vezes a luta demora um pouco. Isso não significa que não vamos ganhar. O mais importante é nunca desistir (...) e nunca deem ouvidos quando alguém diz que algo é impossível porque nunca foi feito antes", declarou.

Kamala Harris citou um adágio que diz que "só quando está suficientemente escuro é que se podem ver as estrelas", adicionando que muitas pessoas acham que estão a entrar num "período negro", mas que espera que isso não aconteça no seu país: "Se assim for, enchamos o céu com a luz com um bilião de estrelas brilhantes".

Falando numa universidade simbólica para a comunidade negra e onde se graduou em 1986, a política democrata reafirmou que é preciso manter a luta "nas urnas, nos tribunais e na praça pública" e também de "formas mais silenciosas", num modo de vida refletido na "bondade e respeito", e deixou um conselho: "A luta pela nossa liberdade vai dar muito trabalho, mas como digo sempre, gostamos de trabalhar muito".

Kamala Harris não teve quaisquer palavras para os eleitores de Donald Trump, diferenciando pelo contrário os seus próprios apoiantes como a "luz" que brilha na "escuridão" trazida dos vencedores, reforçando um discurso divisivo.

Também o Presidente norte-americano, Joe Biden, falou hoje com Trump, felicitando-o pela vitória, e convidou-o para uma reunião de transição.

A presidência norte-americana indicou que vai coordenar uma data para a reunião com o líder republicano na Casa Branca, em Washington, "num futuro próximo".
Uma derrota esmagadora

Donald Trump e o Partido Republicano conseguiram terça-feira uma vitória esmagadora, incluindo em estados-chave habitualmente afetos ao Partido Democrata, obtendo a Presidência e o Senado, assim como a maioria do voto popular.

Kamala Harris demorou quase 24h00 a conceder a derrota. Ao longo desta quarta-feira telefonou a Donald Trump, a felicita-lo pela vitória e a apelar a uma transição pacífica de poder.

De acordo com o porta-voz do presidente eleito, os dois rivais acordaram na necessidade de "trabalhar para unir o país".Joe Biden falou igualmente com Trump durante a tarde, congratulando-o pela eleição e convidando-o para um encontro na Casa Branca. O presidente deverá falar ao país esta quinta-feira, para abordar os resultados eleitorais e a transferência de poder.

No final do dia de quarta-feira, e quando ainda se contavam votos, Donald Trump tinha já conseguido 292 grandes eleitores, muito além dos 270 necessários para garantir a eleição.

Quando faltam apurar os resultados em três Estados, Arizona, Alaska e Nevada, os republicanos detêm também a maioria provisória na Câmara Baixa do Congresso.

Se a conseguirem, Trump terá praticamente carta branca para rever legislação em todos os setores, podendo cumprir sem obstáculos as suas promessas eleitorais.

com Lusa

Veja aqui todo o discurso de Kamala Harris
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