A junta militar no poder na Guiné-Conacri anunciou que irá organizar um referendo sobre uma nova constituição em 21 de setembro, como um primeiro passo para o regresso à ordem constitucional.
Sob pressão internacional, a junta, que tomou o poder num golpe a 5 de setembro de 2021, prometeu inicialmente realizar um referendo constitucional e transferir o poder para os civis eleitos antes do final de 2024, mas nenhuma das promessas foi cumprida.
Desde a independência da França em 1958, a Guiné-Conacri tem sido governada por regimes ditatoriais que não conseguiram erradicar a pobreza extrema dos habitantes, apesar dos enormes recursos naturais deste país da África Ocidental.
"A data para a realização do referendo sobre a adoção da nova Constituição está marcada para domingo, 21 de setembro de 2025", de acordo com um decreto presidencial, lido na noite de terça-feira, na televisão pública, pelo ministro e secretário-geral da Presidência da República, general Amara Câmara.
O general Mamadi Doumbouya, líder da junta militar, prometeu nas saudações de Ano Novo que 2025 seria um "ano eleitoral crucial para completar o regresso à ordem constitucional", mas sem dar um calendário.
A "carta de transição" estabelecida pela junta logo após o golpe de Estado exige que nenhum membro da junta governamental ou chefe de instituições republicanas se candidate às eleições.
A adoção de uma nova Constituição poderá remover esta barreira, embora Doumbouya tenha declarado repetidamente que não se irá candidatar à presidência.
O anúncio surgiu quatro dias depois de Doumbouya ter concedido um indulto presidencial ao antigo ditador da Guiné-Conacri Moussa Dadis Câmara, por "razões de saúde".
O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos disse na terça-feira que o perdão "deve ser anulado", alertando que foge à obrigação dos Estados de combater a impunidade.