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Judeus nacionalistas israelitas marcham pelo bairro muçulmano de Jerusalém

por RTP
No evento, semelhante à “Marcha das Bandeiras” que habitualmente decorre em maio, participou o deputado de extrema-direita Itamar Ben-Gvir Ronen Zvulnun/ Reuters

Centenas de judeus israelitas marcharam esta quarta-feira em Jerusalém a cantar slogans anti-palestinianos. No evento, semelhante à “Marcha das Bandeiras” que habitualmente decorre em maio, participou o deputado de extrema-direita Itamar Ben-Gvir. A polícia israelita tentou bloquear o acesso para o Portão de Damasco.

O evento “Marcha das Bandeiras” é organizado todos os anos por nacionalistas judeus israelitas no “Dia de Jerusalém”, feriado que este ano calha no final de maio. A data assinala a ocupação e a colonização de Jerusalém Oriental. Por isso, fica por esclarecer o motivo de ter decorrido esta quarta-feira.

A marcha decorreu mesmo sem a aprovação da polícia e das ameaças de grupos de resistência palestinianos em retaliar o ataque contínuo aos locais sagrados de muçulmanos em Jerusalém.

Os participantes forçaram o caminho pelo bairro muçulmano da Cidade Velha apesar dos esforços da polícia para o evitar e cantaram “Morte aos Árabes”. Eram visíveis bandeiras do grupo extremista judaico Lehava, cujo objetivo é evitar os casamentos entre judaus e não-judeus, presença habitual na “Marcha das Bandeiras”.

Embora tenha havido alguns confrontos entre os palestinianos que defendiam o Portão de Damasco e as forças de ocupação israelitas, na quarta-feira o maior foco de tensão foi entre colonos extremistas e a polícia de Israel.
 
Unidade de produção de rockets atingida

Após a marcha, já noite, caiu um rocket numa área aberta perto da cidade israelita de Sderot, disparado de Gaza, o que deu origem a ataques aéreos israelitas em Gaza esta quinta-feira. A estes ataques sucederam-se novos disparos de rockets e tiros de Gaza mas desconhece-se quem os disparou.

De acordo com o jornal Haaretz, que cita os serviços médicos israelitas, várias pessoas tiveram ataques de pânico ou ficaram feridas quando procuravam os abrigos.

Israel veio reivindicar que este foi o ataque “mais significativo” desde maio passado, quando morreram em raides aéreos 250 palestinianos, incluindo 70 crianças. Esta quinta-feira, Tel Aviv reclama ter atingido um local onde se fabricavam motores de foguetes.

Deputado de extrema-direita saudado como “o próximo primeiro-ministro”

O deputado Itamar Ben-Gvir participou na marcha, apesar da oposição do atual primeiro-ministro Naftali Bennett. Com frequência no centro de polémicas e um abertamente racista, Ben-Gvir foi recebido como o “próximo primeiro-ministro” pelos participantes da marcha.

Os serviços de informações alertaram que a presença de Ben-Gvir iria acicatar o confronto com a resistência em Gaza. As forças israelitas têm feito ataques diários aos muçulmanos apesar de estar em curso o Ramadão, um mês em que os fiéis praticam o ritual de jejum.

Esta quinta-feira, as forças ocupantes mais uma vez atacaram os fiéis e tentaram invadir o principal salão de orações da mesquita de al-Aqsa, em Jerusalém, um dos locais mais sagrados para os muçulmanos, e permitiram que colonos judeus entrassem no complexo.
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