Uma mulher de 21 anos, raptada no Iraque há mais de uma década, pelo grupo Estado Islâmico, foi libertada esta semana em Gaza, numa operação conjunta dos Estados Unidos, Jordânia, Iraque e Israel, confirmaram diversas fontes à agência Reuters.
A jovem, que era uma criança quando foi raptada no Iraque, foi identificada como Fawzia Sido.
Foi resgatada após mais de quatro meses de esforços e de tentativas fracassadas devido às operações militares israelitas no enclave, explicou, à Reuters, Silwan Sinjaree, o chefe de gabinete do ministro dos Negócios Estrangeiros do Iraque.
Os responsáveis iraquianos mantinham contacto com Sido depois dela ter conseguido fugir do seu captor, e passaram as suas informações aos serviços norte-americanos, que organizaram a sua saída de Gaza, com auxílio de Israel.
Missão secreta em Gaza
Fontes do exército israelita confirmaram ter coordenado a libertação de Sido com a embaixada norte-americana em Jerusalém e "outros agentes internacionais".
Acrescentaram em comunicado, que o captor de Sido, pertence a um grupo com ligações ao EI, foi morto provavelmente num bombardeamento israelita, tendo ela conseguido fugir e esconder-se dentro da Faixa de Gaza.
"Numa operação complexa, coordenada entre Israel, os Estados Unidos, e outros agentes internacionais, ela foi recentemente resgatada da Faixa de Gaza, numa missão secreta, através da passagem de Kerem Shalom" referiu o comunicado.
De Israel, Sido viajou para a Jordânia e daí foi devolvida à família, no Iraque, acrescentaram os militares israelitas.
Um porta-voz do Departamento de Estado referiu que os Estados Unidos "ajudaram a resgatar em segurança de Gaza uma jovem mulher yazidi, para a reunirem com a sua família no Iraque".
A mesma fonte revelou de ela foi raptada da sua casa no Iraque quando tinha 11 anos, sendo vendida e traficada para Gaza. Depois da morte do seu captor e da sua fuga, ela procurou o repatriamento, acrescentou.
A ativista yazidi iraquiana Nadia Murad, prémio Nobel da Paz em 2018 e fundadora da ONG A Iniciativa de Nadia, que ajuda mulheres yazidis que foram escravas sexuais do IE na Síria e no Iraque, assegurou na conta oficial da rede social X que a rapariga foi raptada em 2014.
"Após a queda do califado no Iraque e a na Síria (2017 e 2019), respetivamente, o EI levou-a para Gaza. Não é a única retida em Gaza pelo EI. Nos últimos 10 anos, as autoridades iraquianas e a comunidade internacional não resgataram as mulheres e meninas cativas em Gaza, na Síria e outras partes da região", garantiu.
Milhares de desaparecidos"Após a queda do califado no Iraque e a na Síria (2017 e 2019), respetivamente, o EI levou-a para Gaza. Não é a única retida em Gaza pelo EI. Nos últimos 10 anos, as autoridades iraquianas e a comunidade internacional não resgataram as mulheres e meninas cativas em Gaza, na Síria e outras partes da região", garantiu.
Sinjaree disse à Reuters que Sido está fisicamente bem mas traumatizada pelo seu cativeiro e pela situação humanitária em Gaza.
A libertação da jovem yazidi foi acompanhada pelo próprio primeiro-ministro iraquiano, Mohammed Shia al-Sudan, que levantou a questão à margem de reuniões na ONU, o mês passado.
Mais de seis mil yazidis foram capturados pelos militantes do EI na região de Sinjar em 2014, com as meninas e as mulheres a serem vendidas para escravidão sexual e os rapazes treinados como soldados e levados para a Turquia e para a Síria.
Mais de 3.500 foram salvos, de acordo com as autoridades iraquianas, mas cerca de 2.600 permanecem desaparecidos.
com agências