Jovem de 29 anos raptado por oito homens armados em Maputo

por Lusa

Um jovem de 29 anos foi raptado no sábado em Maputo por oito homens armados que fizeram disparos na via, indicou hoje à Lusa fonte do Serviço Nacional de Investigação Criminal.

De acordo com a fonte, o rapto deu-se na avenida Joaquim Chissano, junto a um dos estabelecimentos comerciais da vítima, cerca das 08:00 locais (07:00 em Lisboa), sendo que quatro dos raptores tinham metralhadores AK-47.

"Houve alguns disparos. Pelas informações colhidas no local eram oito indivíduos que se faziam transportar em viaturas ligeiras", disse a fonte.

Trata-se do segundo caso de rapto de empresários, em Maputo, nos últimos 15 dias e pelo menos o quarto desde o início do ano.

A Polícia da República de Moçambique (PRM) registou um total de 185 casos de raptos e pelo menos 288 pessoas foram detidas por suspeitas de envolvimento neste tipo de crime desde 2011, anunciou em março último o ministro do Interior.

"Tudo indica que a cidade de Maputo apresenta maior tendência e incidência de casos criminais de raptos, seguida da província de Maputo e, por fim, Sofala, com registo de 103, 41 e 18 casos, respetivamente", declarou Pascoal Ronda, em 19 de março.

Segundo o governante, as tendências mostram um "comportamento decrescente" desde 2020, como resultado de "ações concertadas" das autoridades moçambicanas.

"Importa também referir que de janeiro de 2023 aos dias de hoje, a PRM registou nove casos de raptos consumados e seis casos foram frustrados. Portanto, houve tentativas e essas tentativas foram frustradas, porque, na verdade, as comunidades e a ação policial deram sinal de que não podia acontecer", acrescentou o governante, na altura.

O ministro moçambicano admitiu, no entanto, a existência de desafios para combater os raptos no país, considerando que a onda está a criar um sentimento de insegurança, pouco favorável para o ambiente de negócios.

"Urge a necessidade de aprimorarmos cada vez mais os nossos métodos de atuação e a nossa capacitação e também a nossa potenciação e meios tecnológicos adequados para correspondermos ao problema e enfrentá-lo com a expetativa que merece", acrescentou o governante.

A onda de raptos em Moçambique tem afetado empresários e seus familiares, sobretudo pessoas de ascendência asiática, o que para as autoridades exige uma reflexão.

A maioria dos raptos cometidos em Moçambique é preparada fora do país, o que dificulta o combate a este tipo de crimes, disse em abril, no parlamento, a procuradora-geral da República, Beatriz Buchili.

"Um dos maiores desafios no combate [aos raptos] prende-se com o facto de grande parte dos atos de preparação para a execução do crime e o pagamento de resgate ocorrerem fora do país", disse, durante a informação anual que presta ao parlamento.

A maioria dos mandantes vive na África do Sul, avançou.

"Por isso, a investigação e instrução impõe, necessariamente, o recurso aos mecanismos de cooperação jurídica e judiciária internacional, envolvendo os países com conexão objetiva ou subjetiva com o crime, para a assistência mútua legal, extradição ou partilha de informação", acrescentou.

A PGR enfatiza que foram submetidos 20 pedidos de extradição e auxílio judiciário mútuo há mais de um ano, incluindo de mandantes identificados de raptos, mas Moçambique não obteve resposta.

Destaca ainda os esforços em curso para a assinatura de um acordo de extradição entre Moçambique e África do Sul, visando o reforço da cooperação na luta contra a criminalidade organizada.

No relatório anual, a PGR aponta que em 2023 foram abertos sete processos-crime de rapto, uma queda de 53,3% em comparação com o ano anterior, em que foram registados 15.

Foi deduzida acusação em 12 processos e arquivados cinco, tendo nove transitado para este ano.

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