O Tribunal Militar da Guiné-Bissau deu hoje início ao julgamento de 25 pessoas acusadas de tentativa de golpe de Estado em 01 de fevereiro de 2022, sem a presença de jornalistas.
Um oficial da Base Aérea de Bissalanca, nos arredores de Bissau, onde decorre o julgamento, disse aos jornalistas que havia "ordens superiores" no sentido de não autorizar a presença da comunicação social no evento.
O portão principal da Base Aérea, habitualmente aberto, hoje estava encerrado e só era permitida a entrada mediante uma revista minuciosa de quem pretendia aceder ao quartel.
Os advogados dos detidos foram todos obrigados a deixar os carros do lado de fora do quartel e só puderam entrar com os dossiês, computadores e as togas.
Alguns familiares dos detidos, que se deslocaram ao local para visita de rotina, indicaram à Lusa que foram informados pelos seguranças, no portão principal, de que deveriam aguardar fora do quartel, "pela segunda ordem".
Vários curiosos juntaram-se ao grupo de jornalistas nas imediações da Base Aérea, na expectativa de entrar e assistir ao julgamento.
Entre os detidos que devem comparecer hoje perante o tribunal, figura o ex-chefe da Armada guineense, o vice-almirante José Américo Bubo Na Tchuto, considerado como o cabecilha da intentona.
O Tribunal Militar deveria começar a julgar hoje 25 dos indiciados, mas apenas deverão comparecer 12 pessoas, uma vez que os restantes "continuam a monte", disse à Lusa fonte militar.
Um advogado de defesa de alguns dos suspeitos adiantou à Lusa que os arguidos, entre civis e militares, são acusados do "crime de atentado contra a vida do Presidente" guineense, Umaro Sissoco Embaló, e ainda de "tentativa de alteração da ordem constitucional".
Segundo a acusação, no dia 01 de fevereiro de 2022, homens armados irromperam na sala do Conselho de Ministros, no palácio do Governo, em Bissau, e dispararam sobre os presentes, entre os quais o chefe de Estado, Umaro Sissoco Embaló, que presidia à reunião.
O Governo alegou tratar-se de uma tentativa de golpe de Estado, na qual morreram 11 pessoas, na sua maioria elementos do corpo de segurança dos governantes, e cerca de 50 outras foram detidas.
Alguns dos detidos deveriam ser julgados em dezembro de 2022, por um tribunal civil, mas, à última da hora, o processo foi adiado "para uma nova data".
Na altura, o tribunal alegou que não havia condições devido às obras de reabilitação da zona da baixa de Bissau, onde se encontra o tribunal.