Jornalista da BBC deportado após cobertura de protestos na Turquia
Mark Lowen foi detido em Istambul, quando estava a cobrir os protestos que têm assolado várias cidades na Turquia. As autoridades turcas acusaram o jornalista da BBC de constituir "uma ameaça para a ordem pública" e expulsaram-no do país. Também o canal nacional mais próximo do poder de oposição do Governo foi, esta quinta-feira, suspenso por pelo menos dez dias.
“Hoje de manhã, as autoridades turcas expulsaram de Istambul o correspondente da BBC News, Mark Lowen, depois de o terem levado para o seu hotel no dia anterior e o terem detido durante 17 horas”, revelou a BBC, que adianta que Lowen estava na Turquia “para reportar os protestos recentes”.
No mesmo comunicado, a BBC revela que as autoridades turcas justificaram a deportação do jornalista por ser considerado “uma ameaça à ordem pública”.
Segundo a cadeia de televisão britânica, o correspondente da BBC News na Turquia “foi expulso” na sequência da vaga de manifestações que ocorrem na Turquia desde que o presidente da câmara de Istambul, Ekrem Imamoglu, acusado de corrupção e um forte rival do presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, se apresentar como candidato nas eleições presidenciais previstas para 2028.
Lowen estava na Turquia há vários dias para cobrir os protestos que têm assolado várias cidades no país. "Ser detido e deportado do país onde vivi durante cinco anos e pelo qual tenho tanto carinho foi extremamente angustiante. Liberdade de imprensa e reportagens imparciais são fundamentais para qualquer democracia”, afirmou o próprio Mark Lowen à BBC.
Por outro lado, um canal de televisão turco próximo da oposição foi condenado, também esta quinta-feira, a 10 dias de suspensão dos próprios programas por “incitar o público ao ódio e à hostilidade”, anunciou o Conselho Superior do Audiovisual turco (RTÜK), em pleno movimento de protesto no país.
A Sözcü TV “foi condenada a uma suspensão de 10 dias dos seus programas”, escreveu o regulador turco num comunicado de imprensa, que também impôs multas e a suspensão de certos programas a três outras estações de televisão críticas do Governo.
Vários jornalistas foram detidos nos últimos dias na Turquia quando cobriam manifestações proibidas pelas autoridades em várias cidades importantes, sete dos quais foram libertados nas últimas horas.
Os repórteres foram detidos sob a acusação de “participarem em concentrações e marchas ilegais” e de “não dispersarem apesar dos avisos” e, como prova, a acusação utilizou o seu próprio trabalho jornalístico, documentando que estavam a cobrir os protestos.
O ministro do Interior turco, Ali Yerlikaya, disse hoje nas redes sociais que, até agora, 1.879 pessoas foram detidas nos protestos que começaram na quarta-feira da semana passada. Entre os detidos, alguns jornalistas e académicos ainda estão na prisão, incluindo o repórter fotográfico da France Presse, Yasin Akgul.