"Jornada para a paz" em Moçambique não terminou com acordo de 2019

por Lusa

O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, afirmou hoje que a "jornada para a paz" no país "não terminou" com a assinatura do acordo com a Renamo, há cinco anos, e que tudo depende dos moçambicanos e do "poder do diálogo".

"Hoje celebramos a paz ao assinalarmos a passagem dos cinco anos desde a assinatura do Acordo de Maputo para a Paz e Reconciliação Nacional. A nossa jornada para a paz não terminou com a assinatura do acordo. Os moçambicanos em todo o país e na diáspora devem continuar a trabalhar incansavelmente, um trabalho iniciado no dia 06 de agosto, para tornar a paz uma realidade resiliente", afirmou o chefe de Estado.

Nyusi acrescentou, numa mensagem colocada na sua conta oficial na rede social Facebook, que 5.221 ex-combatentes da Renamo "foram desmobilizados e regressaram às suas famílias e comunidades", no âmbito do processo de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração (DDR).

"É nosso desejo apoiar da melhor forma a sua reintegração socioeconómica para tornar a paz mais sustentável. E por isso mais de 3.540 beneficiários do DDR já estão a receber as suas pensões. E o processo para a fixação das restantes continua", avançou.

Para o chefe de Estado, o dia de hoje é também "momento para refletir e relembrar o poder do diálogo": "Pois, trabalhando em conjunto, podemos construir um futuro próspero para todos os moçambicanos".

"Aproveito a ocasião para felicitar o meu irmão Ossufo Momade, presidente da Renamo, e a todo o seu elenco e de forma muito prestigiada a todo o povo moçambicano que acredita neste processo e tudo faz para manter a chama da paz sempre acesa", concluiu.

O processo de DDR, iniciado em 2018, abrange 5.221 antigos guerrilheiros Renamo, dos quais 257 mulheres, e terminou em junho de 2023, com o encerramento da base de Vunduzi, a última da Renamo, localizada no distrito de Gorongosa, província central de Sofala.

O Acordo Geral de Paz de 1992 colocou fim a uma guerra de 16 anos, opondo o exército governamental e a guerrilha da Renamo. Foi assinado em Roma, entre o então Presidente, Joaquim Chissano, e Afonso Dhlakama, líder histórico da Renamo, que morreu em maio de 2018.

Em 2013 sucederam-se outros confrontos entre as partes, que duraram 17 meses e só pararam com a assinatura, em 05 de setembro de 2014, do Acordo de Cessação das Hostilidades Militares, entre Dhlakama e o antigo chefe de Estado Armando Guebuza.

Em 01 de agosto de 2019 foi assinado na Gorongosa o Acordo de Cessação Definitiva das Hostilidades Militares, entre o Governo e o líder da Renamo, Ossufo Momade, após anos de conversações com o histórico líder e fundador Afonso Dhlakama (1953--2018).

Já em 06 de agosto de 2019, em Maputo, foi assinado o Acordo de Paz e Reconciliação Nacional, o terceiro e que agora está a ser materializado, entre o atual chefe de Estado moçambicano e o presidente da Renamo.

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