As suspeitas foram lançadas pela comunicação social alemã, revelando que os jogadores da seleção russa de futebol usaram o amoníaco como estimulante antes das partidas frente à Espanha e Croácia, no Mundial. A prática não é ilegal mas está a levantar várias suspeitas após o grande escândalo de doping que abalou o desporto russo nos últimos anos. O médico da seleção admitiu o uso da substância mas nega qualquer relação com o uso de doping.
Numa reportagem sobre como melhorar a performance desportiva, o jornal Süddeutsche Zeitung, sediado em Munique, citou uma fonte da Federação Russa de Futebol que revelou que um dos suplentes da seleção da Rússia inalou amoníaco embebido num pedaço de algodão.
De acordo com a imprensa alemã, que levantou a polémica, o uso da substância não é proibido pelos regulamentos internacionais antidopagem da FIFA, mas usá-la pode promover benefícios físicos como a estimulação da respiração e a melhoria no fluxo de oxigénio no sangue.
Médico da Seleção Russa confirma uso de amoníaco
Após as acusações da imprensa alemã, o médico da seleção russa de futebol veio a público confirmar o uso de amoníaco por parte de jogadores russos, mas nega que exista qualquer envolvimento com doping.
Eduard Bezuglov explicou à comunicação social russa que, de facto, houve inalação de amoníaco mas garante que a prática não é ilegal.
“Trata-se de um simples amoníaco, com que se impregnam pedaços de algodão e depois se inalam. Isto é feito por milhares de desportistas para os estimular. Usa-se há décadas”, afirmou o médico.
Bezuglov explicou ainda que o uso de amoníaco não é exclusivo do desporto, sendo usado no dia-a-dia e que é uma substância que se compra facilmente numa farmácia.
Escândalos de doping no desporto russo
Os últimos anos têm sido férteis em escândalos no desporto russo. Há mais de três anos, vários órgãos de comunicação denunciaram um esquema de dopagem em atletas russos nos Jogos Olímpicos de Inverno, em Sochi, e nos Jogos de 2016, no Rio de Janeiro.
A maior incidência dos casos de doping aconteceu em Sochi, cidade russa que foi anfitriã dos Jogos Olímpicos de Inverno de 2014. Tanto o Comité Olímpico Internacional como a Agência Mundial Anti-Doping anunciaram investigações a um dos maiores escândalos de doping alguma vez conhecidos no desporto.
O Comité Olímpico falou num acontecimento “sem precedentes” e lançou duas investigações. A primeira procurou provas de manipulação sistemática de amostras nos jogos de Sochi e a segunda, tentou esclarecer o nível de conhecimento e envolvimento por parte do Estado russo.
Foi descoberto que mais de mil atletas estiveram envolvidos no escândalo, que acabou por ser explicado por alguns delatores, como a antiga atleta Yulia Stepanova e o antigo responsável pelo laboratório de antidopagem russo, Grigory Rodchenkov (neste momento vive nos Estados Unidos).
Uma das investigações abertas sobre o escândalo revelou que as autoridades russas criaram um sistema que permitiu a um laboratório em Moscovo manipular resultados de doping positivos em negativos.
A Rússia acabou por ser banida dos Jogos Olímpicos de Inverno de Pyeongchang, na Coreia do Sul, mas os atletas que provaram “estar limpos” puderam participar na competição representados com a bandeira olímpica.
O uso de amoníaco por parte de jogadores da seleção russa não pressupõe qualquer ilegalidade, mas o historial de escândalos relacionados com o doping no passado está a causar grande polémica, dois dias depois da eliminação da Rússia do Mundial de futebol, frente à Croácia.