Joe Biden e Benjamin Netanyahu falam ao telefone após semanas de silêncio

por RTP
Joe Biden no seu gabinete de trabalho na Casa Branca, Washington Reuters

O primeiro-ministro israelita e o presidente norte-americano falaram esta quarta-feira ao telefone, numa rara conversa direta. Há sete semanas que não se falavam oficialmente e nunca tinham conversado sem intermediários sobre a intensificação do conflito no Líbano.

A vice-presidente Kamala Harris esteve igualmente presente na conversa. 

A resposta que Israel planeia dar ao Irão, após o ataque com quase 200 mísseis, de 1 de outubro, foi um dos principais assuntos debatidos no telefonema, que durou 30 minutos.

Biden e Netanyahu têm uma relação difícil e o norte-americano já terá mesmo insultado o israelita, em reunião e à porta-fechada. O jornalista Bob Woodward, no seu livro "War", reporta que Biden acusa regularmente Netanyahu de não ter qualquer estratégia e de ter gritado "Bibi, que m...?" em julho, após ataques israelitas perto de Beirute e no Irão. Fonte próxima do presidente dos EUA confirmou que as interações entre ambos os líderes se caracterizam amiúde por linguagem dura, direta, sem filtros e "colorida".

A porta-voz da Administração norte-americana, Karine Jean-Pierre, descreveu posteriormente o telefonema como "direto" e "produtivo", revelando que durou 30 minutos.

A Casa Branca referiu ainda que "as conversas sobre a resposta ao Irão prosseguem" e que "não podemos e não iremos deixar que o Líbano se torne numa nova Gaza".

Já o enviado de Israel às Nações Unidas disse que o telefonema entre Biden e Netanyahu tinha sido "positivo". "Apreciamos o apoio dos Estados Unidos", afirmou.

O telefonema coincidiu com a anulação da visita ao Pentágono, nos Estados Unidos, do ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, prevista para esta quarta-feira, a pedido de Netanyahu.

Gallant afirmou hoje que a resposta de Israel ao Irão irá ser "letal, precisa e surpreendente".

O Departamento de Estado referiu, depois da realização do telefonema entre Biden e Netanyahu ser divulgada, que os Estados Unidos estão "extremamente preocupados" com a situação humanitária em Gaza, particularmente no norte do enclave.

"Tem sido abordada nalgumas conversas urgentes entre os nossos dois governos", indicou o porta-voz do Departamento de Estado, Matthew Miller, em conferência de imprensa.

"Temos deixado claro ao governo de Israel que tem a obrigação, ao abrigo da lei internacional, de autorizar a entrada de alimentos e de água e outra assistência humanitária em todas as partes de Gaza, e que esperamos da sua parte o cumprimento absoluto destas obrigações", acrescentou.

As tensões entre os dois países aliados tem-se agravado nos últimos meses, com os responsáveis norte-americanos muitas vezes às escuras quanto às ações ofensivas de Israel em Gaza e no Líbano.

O Pentágono e a Casa Branca só têm sido informados a maioria das vezes quando já estão a decorrer ataques, como o assassínio do líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah e as detonações de pagers e de walkie-talkies de membros da milícia xiita libanesa. 

Esta última ação foi atribuída aos serviços secretos isarelitas, sem que a autoria tenha sido confirmada ou negada.

Também os planos de retaliação contra o Irão não estão a ser partilhados com toda a transparência, referiram à agência Reuters fontes familiares com a questão.
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