Joe Biden apela a cessar-fogo no Médio Oriente

por Graça Andrade Ramos - RTP
Joe Biden em conferência de imprensa na Casa Branca a 30 de setembro de 2024 Foto: Evelyn Hockstein - Reuters

Questionado pela imprensa sobre a anunciada ofensiva terrestre de Israel no Líbano, o presidente dos Estados Unidos afirmou esta segunda-feira ser preferível que os israelitas "parem" com a sua ofensiva.

Joe Biden deu a entender que está a par dos planos de Telavive e adiantou que ficará "mais confortável" se Israel parar.

"O cessar-fogo deve ser imediato", sublinhou.

As palavras de Biden surgem após o diário The Washington Post, que cita fontes israelitas e norte-americanas, ter indicado que os Estados Unidos assumem que Israel está a preparar uma operação militar "iminente" no terreno no sul do Líbano, que segundo Israel seria "limitada".

Segundo responsáveis norte-americanos consultados pelo jornal, Israel prepara uma incursão no terreno no sul do Líbano, algo que decorre de discussões mantidas este fim de semana na Casa Branca entre os dois governos.

As fontes adiantaram que Israel parece ter reduzido significativamente o objetivo inicial dos planos de ataque e que se concentrará na destruição dos lançadores de foguetes, arsenais e outras infraestruturas militares do grupo xiita Hezbollah, que colocam em risco as comunidades do norte de Israel, e depois se retirarão.

Fontes israelitas, por seu lado, confirmaram ao The Washington Post a intenção do governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu de que a incursão fosse "limitada".

"Os planos estão em linha com os norte-americanos. O entendimento é que não vamos ter outra Gaza", disse a mesma fonte.
Milhares de soldados dos EUA no Médio Oriente
Washington tem afirmado que Israel não tem partilhado informações antecipadamente sobre as suas recentes operações militares contra o Hezbollah, especialmente o ataque que vitimou o líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah.

Esta segunda-feira, o Pentágono afirmou aos jornalistas que está a debater com os homólogos israelitas "o rumo a seguir". "Continuamos a conversar com eles, a tentar saber mais", afirmou a porta-voz do Pentágono, Sabrina Singh, em conferência de imprensa.

"Continuamos o debate sobre o melhor rumo a seguir", garantiu, revelando que Israel avisou mas não coordenou com os Estados Unidos a realização de ataques contra alvos Houthi no Iémen.

Singh acrescentou que os EUA estão a enviar "alguns milhares" de soldados para o Médio Oriente para reforçar a segurança regional e, se necessário, para se prepararem para defender Israel.

O aumento da presença de soldados norte-americanos virá de vários esquadrões de caças, informou. Esta operação de reforço inclui esquadrões de caças F-15E Strike Eagle, F-16, A-10 e F-22 e o pessoal necessário para os apoiar.

Os jatos deveriam substituir os esquadrões que já lá estavam, mas, em vez disso, tanto os esquadrões existentes como os novos permanecerão no local para duplicar o poder aéreo disponível.

No domingo, o secretário da Defesa, Lloyd Austin, anunciou também que iria reforçar temporariamente o grupo de ataque do porta-aviões USS Abraham Lincoln e os seus esquadrões associados na região.
Guerra ameaça alastrar

A imprensa norte-americana informou que Israel já pode ter realizado incursões terrestres "limitadas" no sul do Líbano.

O ministro da Defesa de Israel, confirmou esta segunda-feira que a próxima fase da guerra contra o Hezbollah na área "irá ter início em breve". O objetivo é garantir a missão principal de permitir o regresso da população israelita ao norte do país, de onde foi expulsa por bombardeamentos constantes oriundos do Líbano nos últimos 11 meses.

Israel atingiu o Líbano com uma vaga de bombardeamentos nas últimas duas semanas, eliminando Hassan Nasrallah e diversos comandantes do Hezbollah mas matando cerca de mil libaneses e forçando cerca de um milhão de pessoas a fugir.

Hezbollah prometeu enfrentar os soldados israelitas em caso de invasão terrestre.

Jean-Noel Barrot, ministro francês dos Negócios Estrangeiros, em visita ao Líbano a defender a proposta de tréguas apresentada na semana passada pela França e pelos Estados Unidos, apelou Israel a não prosseguir com a invasão e ao Hezbollah para refrear atos que possam "levar à desestabilização da região".

Disse ainda que sentiu por parte do seu homólogo libanês disponibilidade por parte do Líbano para acordar um cessar-fogo.

Barrot acrescentou que a França irá incrementar o seu apoio ao exército libanês.

O primeiro-ministro libanês diz estar pronto para enviar o exército para junto da fronteira com Israel. A informação foi avançada pela Al Jazeera.

Berlim enviou um avião militar para trazer do Líbano pessoal diplomático e familiares, bem como cidadãos alemães que viviam no Líbano e estavam debilitados em termos de saúde.

com Lusa
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