João Gomes Cravinho. "Vitória da Ucrânia é vitória do direito internacional"

por RTP

O ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, João Gomes Cravinho, esteve no Telejornal a analisar o primeiro ano de guerra da Ucrânia.

"Não estamos a ver condições para uma paz rápida", lamentou o governante, mesmo reconhecendo que "todas as guerras acabam um dia".

Repetindo uma ideia que tem sido veiculada pelos representantes da NATO, Cravinho sublinhou que a paz podia suceder de imediato se a Rússia retirasse as suas tropas. Algo que "não me parece estar nos planos do Presidente Putin", acrescentou.

Para "podermos avançar" seria necessário o Presidente russo perceber que "não vai ganhar esta guerra". "Esta é uma guerra em que todos perdem".

"O que está hoje em causa, para além de território e para além de fronteiras, é a própria ordem internacional, é o apego ao direito internacional, a Carta das Nações Unidas", lembrou o mais alto responsável da diplomacia portuguesa. "A vitória da Ucrânia nesta guerra será a vitória do direito internacional".

Sobre as propostas de um plano de paz avançadas pela China esta semana, Cravinho sublinhou que "neste momento", a credibilidade de Pequim está "ferida pelo facto de poucos dias antes da guerra ter assumido uma parceria sem limites com a Rússia".

"Mas vale a pena olhar para aquilo que a China está a propor", acrescentou, "e que tem aspetos positivos, nomeadamente o apego à integridade territorial, à Carta das Nações Unidas, o direito humanitário, a troca de prisioneiros e a segurança nuclear".

João Gomes Cravinho aponta outros aspetos da proposta "com os quais não podemos compactuar", como a "falsa equivalência entre os dois lados", e "o eufemismo em falar de crise na Ucrânia, quando falamos da invasão de um país por outro".

O fator mais positivo para o ministro português é a disponibilidade da China "finalmente" para "entrar no campo da promoção da paz".

Sobre a eficácia das sanções aplicadas à Rússia, João Gomes Cravinho identifica o objetivo destas, "enfraquecer a capacidade russa de fazer guerra e nesse sentido, sim, está a ter impacto", defendeu, apesar dos mecanismos de contorno das sanções.

"Hoje em dia a produção automóvel da Rússia é 30 por cento do que era há um ano atrás", referiu como exemplo, lembrando as dificuldades de acesso a componentes avançadas "com outras possíveis utilizações".

As sanções terão um impacto duradouro "durante muitos anos" na capacidade industrial e económica da Federação Russa, acrescentou.

Sobre o apoio de Portugal à Ucrânia é para prosseguir. "Temos naturalmente de calibrar as nossas possibilidades e os melhores mecanismos para o apoio à Ucrânia", garantiu Gomes Cravinho.




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