A cumprir um curto périplo europeu, o secretário de Estado norte-americano ensaiou esta quinta-feira uma apologia da ordem executiva de Donald Trump que reconhece a Jerusalém o estatuto de capital de Israel. Cumpriu-se, segundo Rex Tillerson, “a vontade do povo americano”. De Moscovo saiu, quase em simultâneo, um aviso: a decisão da Casa Branca não contribui “em nada” para a pacificação do Médio Oriente.
Rex Tillerson aludia à aprovação, em 1995, pelo Congresso norte-americano, do Jerusalem Embassy Act, que impele os Estados Unidos a transferirem a embaixada em Israel de Telavive para Jerusalém, reconhecendo assim esta cidade como capital do Estado hebraico.
“O Presidente não fez mais do que pôr em prática a lei de 1995”, frisou o secretário de Estado norte-americano, para insistir na ideia de que “se trata da lei americana e de uma decisão americana”.
A lei adotada há 22 anos no Capitólio tem força vinculativa. Mas uma cláusula específica tem permitido a sucessivos presidentes assinarem moratórias à sua aplicação, a cada seis meses. Foi assim com Bill Clinton, George W. Bush, Barack Obama e até com Donald Trump, em junho deste ano.
Ao lado do homólogo norte-americano, Sebastian Kurz , futuro primeiro-ministro, deixou um apelo para que se evite uma “nova escalada” no Médio Oriente.
Sandra Sousa, Virgílio Matos - RTP
“Rússia muito preocupada”
De Moscovo saiu entretanto um comunicado com o carimbo do Ministério russo dos Negócios Estrangeiros a advertir para “pesadas consequências”.O Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, afirmou esta quinta-feira que a decisão “infeliz” de Donald Trump “atropela” o Direito Internacional.
“Uma solução justa para o conflito israelo-palestiniano deve assentar numa base jurídica internacional tendo em conta as resoluções do Conselho de Segurança e da Assembleia Geral das Nações Unidas, que preveem a resolução de todos os aspetos do estatuto definitivo dos territórios palestinianos, incluindo a sensível questão de Jerusalém, em negociações diretas israelo-palestinianas”, defende-se na nota da diplomacia russa.
“Apelamos a todas as partes para que demonstrem contenção e renunciem a ações incontroladas e de pesadas consequências”, prossegue o Ministério dos Negócios Estrangeiros, que chama ainda a atenção para a necessidade de acautelar “o livre acesso de todos os crentes aos lugares santos de Jerusalém”.
Também o porta-voz do Kremlin Dmitri Peskov expressou “inquietação”: “Pensamos que esta decisão não ajuda em nada ao progresso da concertação no Médio Oriente. Pelo contrário, conduz na nossa perspetiva à divisão no seio da comunidade internacional”.
c/ agências internacionais
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