Jared Kushner não descarta possibilidade de adiar eleições dos EUA

por RTP
Oliver Contreras - EPA

As eleições presidenciais nos Estados Unidos estão marcadas para novembro deste ano, mas devido ao contexto pandémico surgem rumores sobre um possível adiamento. O genro e conselheiro do Presidente norte-americano, Jared Kushner, não afasta essa possibilidade.

Os EUA são, neste momento, o país mais afetado pela Covid-19 em todo o mundo, contabilizando mais de 1,4 milhões de infetados. Mas, em vésperas de eleições presidenciais, não são apenas as consequências da doença e a resposta da Administração Trump face à pandemia que estão a suscitar incertezas.

Donald Trump tenta ser reeleito, os democratas tentam afastá-lo da Casa Branca, mas as campanhas eleitoriais estão suspensas devido à pandemia e começam a surgir rumores de que as eleições podem ser adiadas. As presidenciais estão marcadas para 3 de novembro e, por lei, nem a Casa Branca as pode alterar.

Mas na terça-feira, Jared Kushner afirmou à revista Time que não podia garantir a realização das eleições na data prevista por causa da pandemia.

Considerando que pode haver uma segunda vaga da Covid-19 no outono e que isso poderia afetar a altura das eleições, Kushner garantiu que a decisão não é sua e que ainda é "um futuro muito longínquo" para que possa saber se é possível realizar as presidenciais na data prevista.

"Não sei se posso comprometer-me de uma maneira ou de outra, mas agora esse é o plano", declarou.


"Esperamos que, quando chegarmos a setembro, outubro e novembro, tenhamos trabalhado o suficiente com testes e com todos os diferentes métodos que estamos a usar para tentar evitar um futuro surto de uma magnitude que nos obrigaria a parar novamente", acrescentou o conselheiro e genro de Donald Trump.

No entanto, Kushner realçou que acredita que, depois de os EUA voltarem a aliviar as restrições e a abrir a economia, "será muito difícil voltar a fechar".

Embora não tenha afirmado que as eleições deviam ser adiadas, ou que é essa a intenção de Trump, as declarações de Kushner suscitaram muitas dúvidas e preocupações.

"A declaração de Kushner revela uma incrível ignorância sobre a Constituição e a lei", escreveu Bill Kristol, colunista conservador e fervoroso republicano do "Never Trump".



"Isso revela uma arrogância surpreendente em dar como certo que ele tem alguma opinião sobre quando as eleições são realizadas. Também revela uma total falta de compreensão quanto ao seu papel muito subordinado na nossa democracia".

Já em março, Joe Biden acusou Donald Trump de tentar arranjar maneiras de adiar as eleições e, assim, garantir maior probabilidade de vencer.
"Atentem para o que eu estou a dizer: acho que ele vai tentar adiar as eleições, de uma maneira ou de outra, e encontrar razões para que não se realizem na data prevista", afirmou o candidato democrata.

Depois de ser alvo de duras críticas, Jared Kushner esclareceu as declarações que deu na entrevista: "Não participei em nenhuma discussão sobre a tentativa de alterar a data das eleições presidenciais".

A data das eleições está sob escrutínio, dada a suspensão de campanha causada pela Covid-19 e pelo risco de os eleitores evitarem comparecer nas urnas com receio de contágio.

No entanto, tanto Trump quanto Biden asseguram que não há possibilidade de alterar a data.

As declarações de Kushner foram divulgadas no mesmo dia em que um inquérito revelou que há cada vez mais norte-americanos a criticarem a resposta da Administração Trump à pandemia provocada pelo novo coronavírus.

Os resultados deste inquérito mostram que 41 por cento norte-americanos aprovam o desempenho de Trump como presidente, o que representa uma queda de quatro pontos em relação a um inquérito semelhante realizado em meados de abril. Na maioria das sondagens, Biden está à frente de Trump.
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