Um estudo desenvolvido por cientistas espanhóis e publicado esta terça-feira conclui que quem janta mais tarde tem mais probabilidade de ter cancro da mama ou da próstata.
Segundo o estudo publicado no International Journal of Cancer, jantar antes das 21h, ou menos de duas horas antes de ir dormir, eleva em 25 por cento a percentagem de ser diagnosticado com cancro da mama e da próstata.Risco de cancro diminui com o aumento do intervalo entre o jantar e a hora de dormir
Acresce que aqueles que vão dormir duas ou mais horas após o jantar têm menos 20 por cento de risco de ter estes dois tipos de cancro.
Os cientistas espanhóis questionaram os participantes no estudo acerca do seu estilo de vida, padrões de sono e de refeições e hábitos alimentares.
Possíveis explicações
Os cientistas concluíram com o presente estudo que os inquiridos que sofriam de cancro tinham uma maior tendência para “petiscar” durante a noite. Verificaram também que os efeitos de um intervalo maior entre o jantar e a hora de ir dormir eram mais visíveis naqueles que sofriam de cancro da mama e da próstata, mas que seguiam recomendações de prevenção de cancro.
Este é o primeiro estudo feito em seres humanos que mostra os efeitos na saúde relacionados com padrões de alimentação
Catherine Marinac, investigadora no Dana-Farber Cancer Institute, explica que os horários das refeições afetam os níveis de açúcar que, por sua vez, estão associados a doenças cancerígenas.
“Estudos baseados na população descobriram que pessoas que comem a uma hora avançada da noite apresentam taxas mais elevadas de obesidade e piores perfis metabólicos. E, em particular, verificamos que as pessoas que têm uma maior duração do jejum noturno, que implica menos refeições noturnas, têm um melhor controlo glicémico e menor risco de reincidência de cancro”, acrescenta Marinac, citada pela CNN.
No estudo explica-se que a mudança nos horários das refeições está associada aos níveis de leptina (hormona que regula o balanço energético), “com a sincronização de ritmos circadianos periféricos como níveis de glicose e inflamação sistémica”.
“A interrupção do relógio biológico e a redução da capacidade de processar glicose são possíveis fatores mecânicos que associam as refeições noturnas ao risco de cancro”, esclarece Catherine Marinac.
Ganesh Palapattu, chefe de oncologia urológica na Universidade de Medicina de Michigan, defende que existem muitas questões que não foram consideradas no estudo e que poderiam alterar os resultados. No entanto, não deixa de descrever as conclusões como “intrigantes”.
“Não somos apenas o que comemos. Somos como comemos e podemos muito bem ser quando comemos”, afirma Palapattu.