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Israel vê pedido palestiniano como "ameaça mais grave do que o Hamas"

por RTP
"O pedido unilateral dos palestinianos é uma violação dos compromissos assumidos nos acordos assinados com Israel", adverte Netanyahu Uriel Sinai, EPA

O Executivo israelita está a encarar o pedido de adesão dos palestinianos às Nações Unidas como uma ameaça insustentável que merece resposta firme. O encontro entre o Presidente palestiniano, Mahmoud Abbas, com o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, deverá ocorrer a 20 de setembro, mas os repúblicanos nos Estados Unidos, que em 1989 abortaram iniciativa idêntica de Yasser Arafat, já se movimentam para fazer ceder a proposta.

É com grande incómodo que o Governo israelita está a encarar a iniciativa da Autoridade Palestiniana de avançar com o pedido de adesão às Nações Unidas, o que de certa forma configura o reconhecimento de um Estado Palestiniano.

De acordo com o programa previsto, o Presidente da Autoridade Palestiniana deverá encontrar-se formalmente com Ban Ki-moon a 20 de setembro e o voto na Assembleia-Geral das Nações Unidas ficará agendado para outubro. Para evitar um veto norte-americano, os palestinianos decidiram não levar ao Conselho de Segurança esse pedido de adesão como Estado de pleno direito

Reagindo à intenção dos palestinianos, Telavive veio classificar o projeto como uma "ameaça mais grave do que o Hamas".

"Esta iniciativa dos palestinianos constitui uma ameaça mais grave do que aquela do (movimento islamita palestiniano) Hamas em Gaza, e não ficará sem resposta de Israel", afirmou o ministro israelita das Finanças, Youval Steinitz, em declarações à rádio pública.

No domingo passado, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu lamentou "o pedido unilateral dos palestinianos”, considerando que se trata de ”uma violação dos compromissos assumidos nos acordos assinados com Israel".

Diplomatas contra escolha de Shimon Peres
Israel vê-se, como raramente sucede, numa situação indefinida, o que é sinalizado pelos últimos conselhos que partiram de diplomatas junto das Nações Unidas. É aqui o caso de Telavive querer enviar o Presidente Shimon Peres a Nova Iorque para a votação do Estado Palestiniano.

Os diplomatas acreditam que essa seria uma jogada que apenas prejudicaria os interesses israelitas, face à quase inevitável derrota, por um lado, e ao simbolismo que o próprio Governo israelita estaria a emprestar ao ato com a escolha de uma das suas mais altas figuras, por outro.

A vitória do plebiscito palestiniano parece inevitável, como escreve o diário israelita Haaretz, citando as palavras do embaixador de Telavive nas Nações Unidas: “O máximo que podemos esperar é que alguns países se abstenham ou estejam ausentes durante a votação”, afirmou Ron Prosor, tendo por base mais de 60 reuniões mantidas recentemente com parceiros da ONU.

Obama tenta travar bloqueio republicano
Os republicanos tentam entretanto forçar um projeto no Congresso norte-americano com vista a fazer abortar a iniciativa palestiniana. A estratégia do GOP passa por cortes radicais nos apoios dos Estados Unidos a grupos sedeados nas Nações Unidas e no esforço de financiamento da própria organização.

A proposta vem assinada pela congressista Ileana Ros-Lehtinen, que lembra uma movimentação dos palestinianos no mesmo sentido em 1989, então submetida pelo líder histórico Yasser Arafat.

Recorda Ros-Lehtinen que na altura a Administração Bush pai “tornou claro que os Estados Unidos cortariam os fundos a qualquer entidade das Nações Unidas que de qualquer forma elevasse o estatuto palestiniano na assembleia. A ONU viu-se obrigada a escolher entre isolar Israel e receber as contribuições norte-americanas. E foram pela última opção”.

Não parece ser no entanto esta a intenção da atual equipa na Casa Branca. A porta-voz do Departamento de Estado Victoria Nuland já fez saber que o Presidente Barak Obama se opõe firmemente à proposta de Ileana Ros-Lehtinen.

Refere Nuland que um corte nos apoios às Nações Unidas iria contra a estratégia da Administração e do país: “Os cortes iriam enfraquecer as Nações Unidas como terreno privilegiado para garantir uma linha avançada nas questões de segurança dos Estados Unidos”.
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