A chefe da diplomacia israelita anunciou hoje a retenção de verbas devidas à Autoridade Nacional Palestiniana (ANP), alegando que o financiamento do Hamas, sem uma renúncia ao terrorismo, põe em perigo o país.
Tzipi Livni, falava aos jornalistas depois de uma reunião com a homóloga Ursula Plassnik na capital da Áustria, país com a presidência semestral da União Europeia, no início da sua primeira digressão europeia - de dois dias - desde o início de funções.
Sobre a proposta apresentada na segunda-feira pela Comissão Europeia, de avançar com uma ajuda de 120 milhões de euros para ajuda humanitária aos palestinianos - embora vincando não estar implícito apoio a um executivo do Hamas -, Plassnik declarou "não haver motivo para deixar de contribuir para o desenvolvimento económico dos territórios", com uma economia exangue.
Todavia, vincou que os 120 milhões de euros deverão ser gastos antes de o movimento de resistência islâmica Hamas formar Governo, na sequência da vitória nas legislativas palestinianas de 25 de Janeiro.
Ainda na segunda-feira, a comissária europeia para as Relações Externas, a austríaca Benita Ferreno-Waldner, instou Israel a reembolsar aos palestinianos 41,8 milhões de euros mensais correspondentes a impostos.
Plassnik, ao reafirmar a decisão dos 25, exortou os países doadores a fazerem um gesto semelhante, "o modo mais adequado de responder às necessidades urgentes dos palestinianos", na sua opinião.
A ANP enfrenta uma crise por falta de dinheiro, acentuada pela recusa israelita de a reembolsar do IVA e direitos aduaneiros devidos.
O reembolso em causa, antes da formação do novo Governo palestiniano pelo Hamas, preencheu a agenda da reunião entre Plassnik e Livni, que esta noite estará em Paris e na quinta-feira em Londres.
Se o Hamas não renunciar à violência, não respeitar os acordos no quadro do Roteiro de Paz do Quarteto para o Médio Oriente - Estados Unidos, Rússia, ONU e UE - e não reconhecer o Estado de Israel, dentro de duas a três semanas será cortado o fluxo de ajudas da comunidade internacional à ANP.
Livni acentuou que Israel e a União Eueopeia (UE) procuram "um meio para fazer chegar o dinheiro aos palestinianos sem haver o perigo de estarem a financiar uma organização terrorista", aludindo à hipótese de recorrerem às organizações não-governamentais (ONG).
Acerca da consideração de que o presidente da ANP, Mahmud Abbas, está "fora de jogo", a chefe da diplomacia israelita disse respeitá-lo, apesar de ter posto "fim à transição" a partir do convite dirigido ao Hamas para formar Governo.
A agenda da ministra dos Negócios Estrangeiros israelita na Áustria compreende encontros com o chanceler, Wolfgang Schuessel, e com o Presidente Heinz Fischer. à noite, na capital francesa, será recebida pelo homólogo, Philippe Douste-Blazy, e pelo primeiro- ministro, Dominique de Villepin.