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Israel terá colocado explosivos nos pagers utilizados pelo Hezbollah

por Mariana Ribeiro Soares - RTP
Mohamed Azakir - Reuters

Citando autoridades não identificadas, a agência Reuters e o New York Times avançam que Israel está por detrás do ataque desta terça-feira no Líbano. Segundo estas fontes, autoridades israelitas colocaram materiais explosivos nos pagers que foram vendidos ao Hezbollah e que explodiram na terça-feira, provocando pelo menos nove mortos e 2.800 feridos. O grupo xiita libanês aponta o dedo a Israel e prometeu uma “punição justa”.

Na terça-feira, milhares de pagers (dispositivos de comunicação portáteis) usados pelo grupo Hezbollah explodiram, de forma quase simultânea, no Líbano, provocando nove mortos e 2.800 feridos, incluindo centenas de membros do grupo xiita.

Entre os feridos encontra-se o embaixador do Irão no Líbano, Mojtaba Amani, de acordo com órgãos estatais de Teerão. O líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, escapou a este ataque sem ferimentos, segundo uma fonte próxima do grupo.

O Hezbollah acusou Israel de ser “inteiramente responsável” pelas explosões e prometeu uma “punição justa”.

“Este inimigo criminoso e traiçoeiro certamente receberá uma punição justa por este ataque pecaminoso, tanto de maneiras esperadas quanto inesperadas”, anunciou o Hezbollah na noite de terça-feira.

O grupo xiita libanês prometeu continuar as operações contra Israel em solidariedade com o movimento islamita palestiniano Hamas e garantiu que uma “dura punição está a aguardar o inimigo criminoso pelo massacre que cometeu na terça-feira”.
O que se sabe sobre a origem dos pagers e da explosão?
Fontes libanesas e norte-americanas revelaram à agência Reuters e ao New York Times que os dispositivos foram modificados pela agência de inteligência israelita Mossad, que terá colocado explosivos dentro de cinco mil pagers.

“A Mossad injetou uma board no dispositivo que tinha material explosivo que recebe o código. É muito difícil detetá-lo através de qualquer meio, mesmo com outro dispositivo ou um scanner”, disse uma fonte de segurança do Líbano à Reuters.

Segundo esta fonte, três mil pagers explodiram após terem recebido uma mensagem codificada que ativou simultaneamente os explosivos.

Estes dispositivos foram importados pelo Hezbollah meses antes da explosão desta terça-feira. Segundo várias fontes, os pagers eram da Gold Apollo, uma empresa sediada em Taiwan.

A empresa de tecnologia taiwanesa já se pronunciou, negando ter fabricado os pagers que explodiram no Líbano. O O CEO da empresa veio esclarecer que apesar de terem o seu logótipo, os pagers do modelo AR-924 foram produzidos numa empresa europeia chamada BAC, com sede em Budapeste.

“Nós temos um acordo empresarial com a BAC onde autorizamos a que usem o logótipo da marca. No entanto, a produção e design do produto é totalmente gerido pela BAC”, explicou Hsu Ching-Kuang.

“Nós apenas fornecemos autorização de marca registada e não temos nenhum envolvimento na fabricação e no design deste produto”, acrescentou a empresa.


Os pagers - dispositivo de telecomunicações sem fio que recebe e exibe mensagens alfanuméricas ou de voz – têm sido utilizados pelo Hezbollah como meio de comunicação de baixa tecnologia para tentar escapar ao rastreamento de localização feito por Israel. Há muito que o grupo deixou de usar telemóveis por serem considerados muito vulneráveis.

O ataque desta terça-feira ocorre num momento de grande tensão entre Israel e o Hezbollah, após Israel ter reivindicado a morte do comandante do grupo paramilitar libanês num ataque em Beirute, em julho.

O ataque também ameaça atrapalhar os esforços dos EUA para impedir que o Irão, que apoia o Hezbollah, ataque Israel em retaliação pelo atentado de julho em Teerão, que matou o líder político do Hamas.
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