Israel retalia ataque do Hezbollah em larga escala

por RTP
UAV do Hezbollah intercetado pelas forças aéreas israelitas no norte de Israel em 25 de agosto de 2024 Jalaa Marey - AFP

O Exército israelita anunciou hoje o lançamento de uma ofensiva no Líbano, após ter detetado preparativos do Hezbollah para lançar "ataques em grande escala" contra Israel. O ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, declarou o estado de emergência militar, depois de lançar bombardeamentos no Líbano.

"Estamos a observar os preparativos do Hezbollah para ataques em grande escala contra o território israelita", escreveu o Exército israelita numa mensagem em árabe dirigida à população do sul do Líbano.

O Hezbollah libanês anunciou já esta manhã ter lançado de facto um ataque em grande escala contra Israel, na sequência de um ataque israelita que matou um alto comandante militar em Beirute, a 30 de julho.

Em comunicado, o grupo pró-iraniano afirmou ter "lançado um ataque aéreo utilizando um grande número de `drones`" em território israelita e contra um "alvo militar", que será identificado mais tarde.

O Hezbollah acrescentou que o ataque se vai prolongar por algum tempo.

O ataque e retaliação aconteceram durante a madrugada, altura em que o gabinete de guerra israelita esteve também reunido e onde foram tomadas medidas para restringir movimentos civis, como relatam os enviados especiais da RTP ao Médio Oriente.


No sábado, o Exército israelita anunciou a morte de seis membros das milícias xiitas do Hezbollah, incluindo um destacado comandante do grupo libanês, em ataques aéreos efetuados em várias localidades do sul do Líbano.

Israel identificou o comandante morto como Mohamed Mahmud Nayam, líder da unidade de `rockets` do Hezbollah. O destacado operacional do movimento xiita libanês foi morto num ataque aéreo em Eita al Zut, perto de Ayta al Jabal, onde o seu sobrinho, Zulfiqar Radwan, também terá morrido.

Três outros operacionais morreram num ataque contra uma unidade de lançamento de `rockets` na cidade de Tayr Harfa, e os restantes morreram em bombardeamentos em Mays al Jabal e Aitarun.

O Hezbollah confirmou a morte de cinco operacionais nestes ataques, incluindo Mohamed Mahmud Nayam. Os `media` libaneses noticiaram a morte de uma criança nestes ataques, embora não haja, de momento, qualquer verificação oficial.

Com estas mortes, somam-se agora 424 combatentes do Hezbollah abatidos desde o início do fogo cruzado transfronteiriço entre Israel e o movimento libanês pró-iraniano.

Estado de emergência militar

Em comunicado, o Ministério da Defesa afirmou que o ministro da defesa de Israel, Yoav Gallant ativou uma "situação especial na frente interna" e acrescentou que a "declaração de estado de emergência permite ao exército dar instruções aos cidadãos de Israel, tal como limitar as reuniões e encerrar locais".

O ministro falou também com o homólogo norte-americano, Lloyd Austin, confirmando que Israel lançou "ataques de precisão" contra o Líbano para impedir uma ameaça iminente ao país.

Nas primeiras horas de hoje, o exército israelita disse ter detetado preparativos do Hezbollah para disparar mísseis e foguetes contra o território israelita. Em resposta, a força aérea israelita lançou bombardeamentos contra "alvos terroristas no Líbano".

Pouco depois, as autoridades anunciaram restrições em todo o território a norte de Telavive
, limitando reuniões a 30 pessoas no exterior e a 300 no interior, além de estabelecerem a proibição de tomar banho em praias próximas da fronteira.


Os escritórios e os estabelecimentos de ensino podem continuar a funcionar desde que disponham de um abrigo anti-bombas nas proximidades.

Movimentações que demonstram que os dois lados estão prontos para o conflito. Por exemplo, as autoridades israelitas enviaram aos jornalistas um conjunto de regras que limitam o trabalho e a movimentação dos órgãos de comunicação social. O objetivo mostrar o menos possível do que se passa no terreno e dos preparativos militares.

Algumas regras, imagens e informações que vão ser censuradas pelas autoridades:

- a movimentação de tropas para Norte ou que já estejam no Norte, todas as imagens que identifiquem a localização dos militares estão proibidas de ser divulgadas;

- os danos provocados em infraestruturas estratégicas israelitas e em bases militares também não podem ser mostrados ou referidos;

- os diretos televisivos com militares no terreno ou nas zonas onde está instalado o sistema Iron Dome são “totalmente proibidos”

Todo este tipo de material tem que ser entregue ao Serviço de Censura dos media para ser ou não aprovado para divulgação.

Regras de censura porque, lê-se no documento entregue aos jornalistas (incluindo aos enviados da RTP a Israel), “o ataque do Irão e do Hezbollah contra o Estado de Israel tem o potencial de alastrar e transformar-se numa guerra com várias frentes”.

O chefe do Estado-Maior do Exército israelita, Herzi Halevi, está a dirigir as operações ofensivas e defensivas a partir da base militar de Kirya, em Telavive, juntamente com os principais dirigentes das forças armadas, escreveu a agência de notícias Efe.

Desde o anúncio, as sirenes antiaéreas têm sido ativadas continuamente na zona israelita que faz fronteira com o Líbano, acrescentou a agência.O serviço de emergência israelita Magen David Adom elevou "o seu estado de alerta para o nível mais elevado em todo o país", embora até à data não tenha recebido qualquer informação sobre vítimas.

O Hezbollah juntou-se ao grupo islamita palestiniano Hamas na guerra contra Israel em outubro passado e, desde então, a violência na fronteira israelo-libanesa registou a pior escalada desde a guerra de 2006.

Além disso, o Hezbollah, aliado do Irão, prometeu levar a cabo um ataque em grande escala contra Israel, na sequência da morte de um destacado comandante num bombardeamento israelita nos arredores de Beirute, em 30 de julho.

Desde outubro, a troca de tiros ao longo da fronteira custou a vida a pelo menos 636 pessoas, a maioria das quais do lado libanês.As hostilidades começaram a 08 de outubro de 2023, um dia depois do início da guerra na Faixa de Gaza entre as forças de Telavive e o Hamas.

O Hezbollah integra o chamado "Eixo da Resistência", uma coligação liderada pelo Irão de que fazem parte também, entre outros, o grupo extremista palestiniano Hamas e os rebeldes huthis do Iémen.

 

c/Lusa

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