Israel recusa comentar assalto iraniano a navio com pavilhão português

por Lusa

O Exército israelita escusou-se hoje a comentar a aparente abordagem por um helicóptero da Guarda Revolucionária Iraniana a um navio de pavilhão português alegadamente associado a Israel no Golfo Pérsico.

"Sem comentários", disse um porta-voz militar israelita questionado pela EFE, depois de a agência Tasnim, ligada à Guarda Revolucionária iraniana, ter anunciado que "um navio cargueiro associado ao regime sionista [Israel]" fora apresado.

O incidente ocorre no meio da tensão criada pelo ataque israelita ao consulado do Irão em Damasco, a 01 deste mês, que deixou sete membros da Guarda Revolucionária mortos.

O Irão prometeu entretanto retaliar, tendo os Estados Unidos alertado para a possibilidade de Teerão responder durante o fim de semana.

O navio porta-contentores capturado foi identificado como `MSC Aries, com pavilhão português e, segundo a Tasnim, ligado à empresa `Zodiac Maritime`, parte do `Grupo Zodiac`, com uma frota de mais de 180 navios e sede no Mónaco e pertencente ao bilionário israelita Eyal Ofer.

O navio saiu de Khalifa, nos Emirados Árabes Unidos, com destino a Nhava Sheva, na Índia, e a última posição recebida foi sexta-feira, exatamente no mesmo local perto do Estreito de Ormuz onde foi apresado.

"Israel está em alerta máximo. Aumentámos a nossa capacidade de proteger Israel de novas agressões iranianas. Também estamos preparados para responder", reiterou hoje o porta-voz militar israelita, o contra-almirante Daniel Hagari, num comunicado, sem qualquer referência ao navio.

"As Forças de Defesa de Israel estão preparadas para todos os cenários e tomarão as medidas necessárias, juntamente com os nossos aliados, para proteger o povo de Israel", acrescentou.

A agência de notícias estatal iraniana IRNA reconheceu hoje o assalto a um navio junto ao estreito de Ormuz, depois de ter sido reportado um ataque a esse mesmo barco, que se suspeitava ter sido levado a cabo pela Guarda Revolucionária, força paramilitar iraniana que promoveu assaltos semelhantes no passado.

A agência norte-americana Associated Press (AP) tinha inicialmente avançado que o navio envolvido no ataque deveria ter sido o MSC Aries, de pavilhão português e associado à empresa internacional Zodiac Maritime, parte do grupo do bilionário israelita Eyal Ofer.

Posteriormente, a agência de notícias Tasmin, associada à Guarda Revolucionária, confirmou que o navio assaltado foi o MSC Aries, considerando tratar-se de um barco "associado ao regime sionista".

O incidente foi inicialmente reportado pela agência de operações comerciais marítimas do Reino Unido (UKTMO), cuja fonte partilhou com a AP o vídeo desse mesmo ataque.

Segundo a AP, no vídeo veem-se militares a descer de um helicóptero e a tomar de assalto o navio de carga junto ao estreito de Ormuz (entre o golfo Pérsico e o de Omã).

A UKTMO afirmou que imagens mostram que pelo menos três indivíduos terão tomado "rapidamente" de assalto o navio de carga.

À AP, a empresa Zodiac Maritime recusou-se a comentar a situação.

Desde 2019 que o Irão tem sido acusado de estar envolvido em vários assaltos e ataques a navios na zona do golfo de Omã, por onde passa cerca de um quinto de todo o petróleo comercializado no mundo.

As tensões, marcadas nos últimos seis meses pela guerra entre Israel e o Hamas na Faixa de Gaza, subiram recentemente com um bombardeamento a 01 de abril ao consulado iraniano em Damasco, na Síria, que matou altos funcionários militares iranianos, e que foi atribuído a Telavive.

 

 

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