Israel. Médicos em greve para apoiarem milhares de pessoas contra a reforma judicial

por RTP
O ministro israelita da Saúde, Moshe Arbel, estará a tentar impedir a greve dos médicos através de um processo de injunção. Corinna Kern - Reuters

Os médicos em Israel cumprem esta terça-feira uma greve em protesto contra a reforma judicial do Governo de Benjamin Netanyahu. A ação vem dar mais força aos milhares de manifestantes que na última noite voltaram a concentrar-se nas ruas de Jerusalém e Telavive, após a aprovação da nova lei que reduz os poderes do Supremo Tribunal.

A Associação Médica Israelita, que representa cerca de 95% dos médicos do país, anunciou um protesto de 24 horas, abrindo exceções apenas para cuidados de saúde em Jerusalém e serviços de emergência em todo o território nacional.

Já na semana passada estes profissionais tinham levado a cabo uma curta greve, argumentando que a reforma judicial de Netanyahu iria “devastar o sistema de saúde”.O ministro israelita da Saúde, Moshe Arbel, estará a tentar impedir a greve dos médicos através de um processo de injunção.

Os protestos decorrem há várias semanas em Israel, intensificando-se na noite de segunda-feira, quando os manifestantes acompanharam a aprovação da nova lei que reduz os poderes do Supremo Tribunal.

Esta entidade judicial deixa, por exemplo, de poder vetar leis do Governo que afetem o interesse público. Os juízes ficam também impedidos de considerar inconstitucionais leis aprovadas pelo executivo ou decisões de ministros.

Para contestar a aprovação da medida, centenas de milhares de pessoas saíram às ruas e a oposição abandonou o Parlamento no momento da votação, prometendo pedir a anulação da lei esta terça-feira.

A votação ocorreu após uma sessão turbulenta, em que os deputados da oposição gritaram "vergonha!" antes de abandonarem a sala, com a proposta do Governo a ser aprovada com 64 votos a favor e nenhum contra.
“Etapa democrática”
Pouco depois da aprovação, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu veio qualificá-la como uma “etapa democrática necessária” que se destina a “restabelecer um equilíbrio entre os poderes”.

“Votámos [esta medida] para que o Governo possa conduzir uma política em conformidade com a decisão da maioria dos cidadãos", afirmou Netanyahu num discurso pela televisão.

Em simultâneo, o chefe de Governo israelita exortou a oposição a dialogar para "chegar a acordos" sobre outros aspetos da reforma que ainda não foram submetidos a votação.

"Continuaremos a esforçar-nos para negociar e chegar a acordos. Não renunciamos à oportunidade de garantir um amplo acordo, e digo que é possível", disse no discurso.

Netanyahu também indicou que a oposição rejeitou "todas as propostas de compromisso" apresentadas pela sua coligação de direita e extrema-direita, e assinalou que o executivo "se manterá em contacto com a oposição para dialogar" sobre o futuro da reforma durante a pausa nos trabalhos parlamentares no mês de agosto.

c/ agências
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