Israel lança ataque a "quartel-general" do Hezbollah em Beirute

por RTP
Israel lança ataque a "quartel-general" do Hezbollah em Beirute Emilie Madi - Reuters

As Forças de Defesa de Israel, IDF, anunciaram esta sexta-feira que atacaram o "quartel-general" do movimento armado libanês Hezbollah na periferia sul de Beirute, no Líbano. O alvo seria o líder da milícia xiita, Hassan Nasrallah, que terá escapado ao ataque.

Segundo o porta-voz do Exército israelita, o contra-almirante Daniel Hagari, as Forças Armadas "realizaram um ataque preciso ao quartel-general da organização terrorista Hezbollah em Dahiyeh [termo árabe para subúrbio]", situado na capital libanesa e considerado um bastião da milícia xiita.

Telejornal | 27 de setembro de 2024

Hagari sublinhou que o comando central do Hezbollah se situa em plena área civil de Beirute.

"Depois de quase um ano em que o Hezbollah disparou `rockets`, mísseis e `drones` suicidas contra civis israelitas, depois de quase um ano em que Israel alertou o mundo e lhe disse para parar o Hezbollah, Israel está a fazer o que todos os estados soberanos do mundo fariam", justificou Hagari em conferência de imprensa em hebraico e inglês.

O anúncio da operação ocorreu pouco depois do primeiro-ministro israelita Benjamin Netanyahu ter garantido que o país "está pronto para uma guerra com o Irão". O Hezbolah é um das organizações apoiadas pelo Irão para atacar Israel, a par do Hamas e dos Houthi do Iémen.

Diversos meios de comunicação social relataram explosões de grandes dimensões na área sul de Beirute. Fontes próximas da milícia xiita do Líbano referiram à Agência France Presse a destruição total de seis edifícios naquela zona da capital libanesa.

A Manar TV, ligada ao Hezbollah, reportou quatro edifícios em escombros, mostrando equipas de socorro em esforços de busca e salvamento. A força da explosão fez estremecer janelas num raio de 30 quilómetros, superando as dos ataques dos últimos dias.

O balanço inicial foi de um morto e meia centena de feridos, resultantes do bombardeamento, mas foi rapidamente revisto em alta. Fontes oficiais libanesas referiram dois mortos e 76 feridos confirmados, duas horas após o ataque contra o quartel-general. 

Em várias zonas do sul do Líbano e do vale do Bekaa, os mais recentes bombardeamentos do exército israelita fizeram pelo menos 25 mortos, segundo as autoridades locais.

Em conferência de imprensa, o ministro da Saúde libanês, Firas Abiad, garantiu que o país enfrenta uma "guerra total" por parte de Israel, e que o número total de mortos ascende a 1.565 desde o ano passado.

Nasrallah "está bem" e "vivo"

 

Os canais televisivos israelitas afirmaram que o alvo do ataque ao quartel-general foi o líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah. Fontes próximas do movimento garantiram sob anonimato à AFP e à agência Reuters que Nasrallah "está bem" e "vivo".
As forças militares das IDF estão a verificar se a missão foi ou não bem-sucedida, referiu o website de notícias Axios, citando uma fonte israelita. Oficialmente, as IDF recusam fazer qualquer comentário.

As Nações Unidas já expressaram "grande inquietação" com este mais este ataque.

O Pentágono afirmou que não recebeu qualquer aviso sobre o bombardeamento do quartel-general do Hezbollah. O secretário de Defesa dos EUA falou com o seu homólogo israelita quando decorria a operação, acrescentou o porta-voz.

O primeiro-ministro do Líbano acusou israel de conduzir uma "guerra de genocídio".

O comunicado, emitido pelo gabinete de imprensa de Najib Mikati, sublinhou que o ataque desta sexta-feira demonstra que Israel "não se importa" com quaisquer esforços de implementar um cessar-fogo.

A embaixada do Irão em Beirute considerou que o ataque israelita é uma "escalada" que "altera as regras do jogo".

Israel "sem opção"

 

Há mais de 11 meses que o Hezbollah bombardeia o norte de Israel, aproveitando a guerra levada a cabo pelas IDF em Gaza, contra o Hamas, após o massacre de 1200 israelitas a 7 de outubro de 2023. As respostas de Israel agravaram-se há cerca de 10 dias, quando deu início a uma série de operações para desmantelar a milícia xiita.

Desde segunda-feira que Israel bombardeia alegadas posições do Hezbollah no Líbano, após diversas operações militares à distância para destruir a rede de comunicações do Hezbollah e decapitar a cúpula militar da milícia xiita.

O bombardeamento desta sexta-feira deu-se pouco depois do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, ter afirmado que, "enquanto o Hezbollah escolher a via da guerra, Israel não tem outra opção".

Estas operações irão prosseguir "até que todos os nossos objetivos sejam atingidos", referiu Netanyahu perante a Assembleia Geral das Nações Unidas, num discurso boicotado por diversas delegações.

Palavras que fecharam a porta a uma proposta de tréguas temporárias de 21 dias, proposta quarta-feira pela França e pelos Estados Unidos, apoiada por diversas potências ocidentais e árabes.

As autoridades de Telavive argumentam que o grupo xiita ataca o seu país numa base diária a partir de posições do Líbano e as trocas de tiros já levaram à retirada de dezenas de milhares de pessoas da região da fronteira israelo-libanesa.

Esta semana, o comando das Forças Armadas israelitas indicou que está a preparar a possibilidade de uma invasão terrestre no Líbano, com vista a eliminar as capacidades ofensivas do Hezbollah e interromper o seu abastecimento de armas do Irão.

Netanyahu encurtou entretanto a sua viagem aos Estados Unidos e está já de regresso a Israel, anunciou entretanto o gabinete do primeiro-ministro israelita.

com Lusa

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