Israel intensifica ofensiva. Hamas avisa que negociações para cessar-fogo estão em risco

por Mariana Ribeiro Soares - RTP
Amir Cohen - Reuters

Israel intensificou a ofensiva militar na Faixa de Gaza nos últimos dias, ameaçando deitar por terra os avanços feitos nas negociações para um cessar-fogo. O líder do Hamas diz mesmo que os recentes ataques ameaçam levar as negociações "de volta à estaca zero".

As negociações para um cessar-fogo na Faixa de Gaza pareciam estar num bom caminho, depois de o Hamas se ter mostrado disposto a deixar cair a exigência de um fim permanente do conflito e a dar início às negociações.

Mediadores de Israel e do grupo islamita Hamas estão a negociar um cessar-fogo que permitirá a libertação dos 116 reféns israelitas que permanecem cativos em Gaza e a entrada de ajuda humanitária em Gaza.

No entanto, a recente escalada da ofensiva por parte de Israel ameaça arruinar os avanços feitos nas negociações para um cessar-fogo em Gaza.

O líder do Hamas, Ismail Haniyeh, disse mesmo que a campanha renovada de Israel ameaça devolver as negociações “à estaca zero”.

Na terça-feira, um ataque israelita a uma escola em Khan Younis, no sul de Gaza, onde estavam refugiados civis, provocou pelo menos 29 mortos, a maioria mulheres e crianças. O Ministério da Saúde de Gaza descreveu o ataque como “um massacre hediondo contra cidadãos deslocados”. Este é o quarto ataque a escolas que abrigam pessoas deslocadas nos últimos quatro dias.

Em resposta, o exército israelita explicou que utilizou “munições precisas” no ataque que tinha como alvo um “terrorista da ala militar do Hamas” que, alegadamente, participou no ataque do Hamas de 7 de outubro. Telavive adiantou ainda que está a investigar o incidente e a analisar os relatos de 29 mortos.

O incidente ocorreu uma semana depois de o exército israelita ter ordenado a retirada de civis de Abasan al-Kabira e outras áreas do leste de Khan Younis, levando dezenas de milhares de pessoas a fugir.
Israel apela à evacuação da cidade de Gaza
As operações israelitas na Faixa de Gaza prosseguem esta quarta-feira. No Hospital dos Mártires de AlAqsa, em Deir el-Balah, centro do enclave, uma fonte médica citada pela Agência France Presse afirmou que "quatro mártires [vítimas mortais] e um ferido grave" tinham chegado às instalações após um ataque contra uma casa perto de Nousseirat.Mais a sul, dois mortos e seis feridos foram transportados para o hospital Nasser em Khan Yunis, de acordo com uma fonte médica.


Telavive lançou panfletos sobre a cidade de Gaza a apelar “a todas as pessoas” desta localidade no norte do território palestiniano para saírem em direção ao sul, utilizando “corredores de segurança”.


“A todos os presentes na Cidade de Gaza, os corredores de segurança permitem a deslocação rápida e sem controlo da Cidade de Gaza para abrigos em Deir el-Balah e Al Zawiya”, indica o folheto, visto por um correspondente da AFP. “A cidade de Gaza continua a ser uma zona de combate perigosa”, alerta.

Durante esta semana foi relatado um aumento dos ataques aéreos israelitas em Gaza, com vários moradores do centro da Cidade de Gaza a descreverem ataques com helicópteros, explosões e tiroteios.

Ismail al-Thawabta, director do gabinete de imprensa do Governo de Gaza, disse que os ataques israelitas na região central de Gaza, na terça-feira, mataram 60 palestinianos e provocaram dezenas de feridos.

c/ agências
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