Israel. General concorre às eleições para afastar Netanyahu

por Joana Raposo Santos - RTP
O antigo general tem-se tornado popular entre os israelitas Nir Elias - Reuters

Benny Gantz, antigo chefe militar de Israel e atual rival do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, lançou oficialmente a campanha eleitoral esta terça-feira. O seu partido, Resiliência de Israel, divulgou uma canção promocional em que é prometido o fim da “esquerda e da direita” na política israelita.

De acordo com as sondagens, o partido recentemente criado por Gantz é o único que pode desafiar verdadeiramente o primeiro-ministro israelita. Estima-se que, nas eleições gerais de abril, o Resiliência de Israel consiga ganhar um número significativo de lugares no Knesset, o parlamento do país.

Na segunda-feira, o partido de Gantz lançou uma canção promocional cujo refrão repete a frase “já não há mais direita nem esquerda, apenas Israel antes de tudo o resto”. O tema refere ainda o “poder da união” e a necessidade de “colocar tudo de lado e pensar como patriotas”.

Estas afirmações poderão significar que o antigo chefe do Estado Maior das Forças de Defesa de Israel tenciona formar uma coligação com partidos de esquerda e de direita.

Orit Galili-Zucker, jornalista e ex-assessora de Netanyahu, acredita que Gantz está a adotar uma estratégia de ambiguidade para garantir apoiantes de ambas as vertentes políticas. “As sondagens são positivas porque Gantz traz algo novo ao país e está a agitar a arena política”, defendeu.
“Apenas os fortes vencem”
Na semana passada, o Resiliência de Israel divulgou, em vídeos, alegados números relativos ao terrorismo no país. De acordo com o partido, as Forças de Defesa de Israel eliminaram 6.231 alvos do movimento palestiniano Hamas durante a guerra de 2014 na Faixa de Gaza.

No entanto, os números apontados pelo partido de Gantz não são compatíveis com os das investigações realizadas pelas Nações Unidas, que referem que mais de dois mil palestinianos foram mortos durante o conflito de 2014, que durou 50 dias. Mais de metade das vítimas eram civis.

Noutro vídeo, o partido revela que as Forças de Defesa israelitas mataram 1.364 terroristas, sublinhando que “apenas os fortes vencem”.



Gantz refere, num dos vídeos, que “não há vergonha em ansiar pela paz”, apesar de frisar que os militares israelitas deverão continuar a lutar nos próximos 50 anos.
“Corrupção e divisão”
O antigo general, de 59 anos, irá discursar na noite desta terça-feira. Um rascunho divulgado pelos meios de comunicação israelitas revela que Gantz deverá abordar a alegada corrupção e divisão do Governo de Netanyahu.

Deverá ainda declarar que Israel “não é um reino e não possui uma família real, um rei ou uma rainha”, numa possível referência à longevidade do mandato de Netanyahu e ao envolvimento da família do primeiro-ministro nas decisões governamentais.Gantz deverá hoje frisar que “a longevidade leva à corrupção” e garantir que tenciona limitar o mandato a dois termos.

O antigo general tem-se tornado popular entre os israelitas e vários especialistas defendem que os eleitores costumam votar com base na personalidade dos candidatos e não nos seus ideais, tornando Gantz uma potencial ameaça para Netanyahu.

O primeiro dia de campanha eleitoral começou com Gantz a visitar a comunidade de Kfar Ahim, local onde nasceu, frisando no Twitter, momentos depois, que todos “devemos saber bem de onde viemos e para onde vamos”.
Tópicos
PUB