O executivo israelita aprovou hoje o alargamento do serviço militar obrigatório de 32 para 36 meses durante os próximos cinco anos.
A decisão foi tomada num contexto de guerra contra o grupo islâmico Hamas em Gaza e de receios crescentes de uma nova guerra aberta com o grupo xiita Hezbollah na fronteira norte.
A decisão do Governo de Israel foi divulgada pelos meios de comunicação locais e aplicar-se-á aos militares atualmente em serviço.
Pela nova lei, ao final da prorrogação, o serviço militar obrigatório voltará a ser de 32 meses, a menos que seja aprovada nova prorrogação.
A nova lei não se aplica a todas as unidades: os recrutas em algumas unidades que anteriormente eram obrigados a servir durante 28 meses servirão agora durante 32 meses.
Além disso, a partir do 33.º mês de serviço, os militares receberão um rendimento maior.
A Procuradoria-Geral informou o Governo que a legalidade da medida depende de esforços mais amplos para recrutar soldados entre a comunidade ultraortodoxa, bem como para equalizar a carga do serviço militar entre vários setores da sociedade.
Se receber o aval do Parlamento, a nova lei pode ser aprovada no final do mês.
Esta decisão segue-se a outra tomada na terça-feira pelo ministro da Defesa israelita, Yoav Gallant, sobre o recrutamento entre judeus ultraortodoxos (Haredim) a partir de agosto, na sequência da decisão do Supremo Tribunal que obriga o exército a integrar este segmento da população nas suas fileiras.
A questão gerou desconforto junto de parte da população Haredi, que teme que, ao enviar os seus jovens para o exército, estes percam os seus costumes e tradições ultra-religiosos e abandonem a comunidade.
As Forças Armadas israelitas já alertaram que até 2024 só poderão recrutar cerca de 3.000 jovens haredim (dos quase 63.000 que existem), porque têm necessidades especiais em termos de alimentação ou de convivência com mulheres, e o exército teria de acomodar novos recrutas em batalhões especiais.
Desde a fundação do Estado de Israel em 1948, os jovens que estudam a tempo inteiro numa escola talmúdica (yeshivá) estão isentos do serviço militar, que é obrigatório para grande parte da sociedade israelita (os árabes israelitas também estão isentos).
A isenção, que até há poucos meses tinha sido prorrogada através de disposições especiais, sempre foi motivo de controvérsia, ainda mais depois do início da guerra em Gaza e da escalada da tensão na fronteira com o Líbano, que levaram o exército a uma crise de pessoal.