Embora as autoridades palestinianas afirmem que, nos últimos dias, os ataques israelitas se intensificaram, as negociações entre Israel e o Hamas foram retomadas no fim de semana no Catar. O objetivo continua a ser um acordo de cessar-fogo, assim como a libertação dos reféns mantidos em Gaza. Segundo responsáveis do movimento que governa o território palestiniano, foi aprovada uma lista de 34 reféns israelitas que poderiam ser libertados, mas o Executivo de Benjamin Netanyahu diz desconhecer as condições em que se encontram as pessoas em cativeiro.
“O Hamas e os grupos de resistência precisam de cerca de uma semana de calma para comunicar com os raptores e identificar os vivos ou mortos”, acrescentou o responsável do grupo islamita.
Informação que o gabinete do primeiro-ministro israelita contestou, declarando que não recebeu lista alguma. “A lista de reféns publicada nos meios de comunicação social não foi fornecida por Israel ao Hamas, mas inicialmente por Israel aos mediadores em julho de 2024”, respondeu o gabinete de Netanyahu.
Horas depois, o Governo israelita emitiu nova declaração a referir que "Israel ainda não recebeu confirmação ou resposta do Hamas sobre as condições em que se encontram os reféns mencionados na lista".
Não está claro quantos dos reféns mencionados na lista continuam vivos nem qual o estado de saúde em que se encontram. Entre os 34 prisioneiros, estão dez mulheres e 11 homens mais velhos, com idades entre 50 e 85 anos, além de crianças que, segundo o Hamas, foram mortas num ataque aéreo israelita.Há ainda vários reféns na lista que as autoridades palestinianas dizem estar doentes.
A decisão do Hamas de divulgar os nomes dos reféns é considerada uma tentativa de aumentar a pressão pública sobre o Governo israelita. As negociações de cessar-fogo foram retomadas em Doha, no Catar, durante o fim de semana, mas ainda não há notícia de progressos significativos. Espera-se ainda que o chefe da Mossad, David Barnea - chefe da equipa de negociação israelita – se desloque a Doha esta segunda-feira para prosseguir o diálogo.
Netanyahu reuniu-se no domingo com ministros do seu governo, bem como com a equipa de negociação, para discutir os progressos nas conversações, que um funcionário israelita disse aos meios de comunicação social israelitas serem “promissoras”. E vários responsáveis do Hamas referiram-se também, nos últimos dias, à direção positiva das conversações e sublinharam que estas se encontram num ponto de viragem.
Um responsável do Hamas afirmou à agência Reuters que qualquer acordo para devolver reféns israelitas dependeria de um acordo para que Israel se retirasse de Gaza e de um cessar-fogo permanente ou mesmo do fim da guerra.
"No entanto, até agora, as forças de ocupação continuam obstinadas em chegar a um acordo sobre as questões do cessar-fogo e da retirada, e não deu nenhum passo em frente", disse a autoridade.
Israel e o Hamas acusam-se mutuamente de impedir o progresso em direção a um acordo de cessar-fogo. Israel insiste que a lista dos reféns vivos e mortos é necessária para prosseguir as negociações, mas o Hamas argumenta que, sem tréguas, não pode recolher essas informações, uma vez que se encontram com vários grupos em toda a Faixa, com os quais não conseguem manter comunicação.Este novo esforço para alcançar uma trégua entre Israel e o Hamas acontece dias antes de Donald Trump tomar posse como presidente dos Estados Unidos.
“Queremos muito concluir isto nas próximas duas semanas, o tempo que nos resta”, disse o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, numa conferência de imprensa na Coreia do Sul, esta segunda-feira.
Em quase 15 meses de guerra, as partes só chegaram a um acordo de tréguas de uma semana, no final de novembro de 2023, no qual foram trocados 105 reféns por 240 prisioneiros palestinianos, para além de cessarem os combates.
Dos 251 reféns capturados pelo Hamas em 7 de outubro, 96 permanecem no interior da Faixa - 34 deles confirmados como mortos -, enquanto 117 foram capturados com vida - apenas oito em operações militares - e 38 corpos foram resgatados pelas tropas no enclave.