Israel bloqueia toda a ajuda humanitária a Gaza, denuncia a ONU

por Cristina Santos - RTP
Criança palestiniana a tentar fugir do norte da Faixa de Gaza. Mohammed Saber - EPA via Lusa

O porta-voz do Escritório de Coordenação de Assuntos Humanitários da ONU garante que todas as caravanas de ajuda, que deviam entrar no norte da Faixa de Gaza, foram recusadas pelas autoridades israelitas nas últimas semanas.

Jens Laerke garante que mesmo a ajuda humanitária que tem autorização para entrar na Faixa de Gaza é bloqueada frequentemente ou atacada pelos militares israelitas. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), o último comboio humanitário a entrar no território palestiniano foi há mais de um mês, dia 23 de janeiro.
 
O porta-voz do Escritório de Coordenação de Assuntos Humanitários da ONU garante que, nesta altura, também é impossível retirar os feridos da região norte da Faixa de Gaza.

Quanto à região sul, a situação está cada vez pior. Jens Laerke denuncia um caso que ocorreu no dia 25, domingo passado, na cidade de Khan Younes (sul). Um comboio humanitário da OMS e do Crescente Vermelho Palestiniano que tinha retirar 24 feridos do hospital Al Amal, sitiado, foi bloqueado durante sete horas e paramédicos foram presos.

O responsável da ONU sublinha que “apesar da coordenação prévia com as autoridades israelitas para todo o pessoal e para os veículos, as forças israelitas bloquearam o comboio da OMS assim que este saiu do hospital”.
Nestas declarações aos jornalistas, em Genebra, Jens Laerke afirma que “os militares israelitas forçaram os pacientes e o pessoal médico a sair das ambulâncias e obrigaram o pessoal médico a despir-se”.

“Três paramédicos do Crescente Vermelho Palestiniano foram posteriormente detidos, embora as suas informações pessoais tenham sido fornecidas antecipadamente às forças israelitas”, só um deles foi libertado até agora.

Este comboio humanitário teve que deixar outros 31 pacientes no hospital Al Amal. A unidade de saúde palestiniana já não funciona depois de ter sofrido 40 ataques em janeiro, que mataram pelo menos 25 pessoas. 
De acordo com este responsável das Nações Unidas “este não é um incidente isolado”, o que significa que “os trabalhadores humanitários estão expostos a riscos inaceitáveis e evitáveis”.
A guerra começou há quase cinco meses, do lado israelita morreram mais de 1.100 pessoas, do lado palestiniano morreram quase 30 mil pessoas, a grande maioria civis, garante o Ministério da Saúde do Hamas, que governa a Faixa de Gaza.

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