Israel avisa Hezbollah sobre combates na fronteira com o Líbano

por Cristina Sambado - RTP
Violeta Santos Moura - Reuters

O exército israelita atuará para retirar o grupo xiita Hezbollah da fronteira com o Líbano se os seus ataques continuarem, avisou um ministro do governo de Benjamin Netanyahu. Benny Gantz afirmou que as Forças de Defesa de Israel interviriam se o mundo e o governo libanês não impedissem os militantes de disparar contra o norte de Israel.

O tempo para uma solução diplomática está a esgotar-se”, acrescentou.As trocas de tiros junto à fronteira têm vindo a intensificar-se desde os ataques do Hamas a Israel a 7 de outubro. E teme-se que o conflito em Gaza alastre a toda a região.

"A situação na fronteira norte de Israel exige mudanças", afirmou Gantz numa conferência de imprensa na noite de quarta-feira.

Segundo Gantz, "o cronómetro para uma solução diplomática está a esgotar-se, se o mundo e o governo libanês não agirem para impedir os disparos contra os residentes do norte de Israel e para afastar o Hezbollah da fronteira, as FDI fá-lo-ão".

Gantz, um político da oposição e antigo líder das forças armadas israelitas, juntou-se ao gabinete de guerra do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu como ministro sem pasta, na sequência dos ataques do Hamas.

Esta semana, o Hezbollah disparou mais foguetes e utilizou mais drones armados, tendo os aviões de guerra israelitas respondido rapidamente.

Na quarta-feira, os meios de comunicação social libaneses revelarem que um combatente do Hezbollah e dois dos seus familiares tinham sido mortos num ataque aéreo israelita.

O ataque terá atingido uma casa em Bint Jbeil, uma cidade a cerca de dois quilómetros da fronteira com Israel. Segundo um comunicado do Hezbollah, uma das vítimas, Ibrahim Bazzi, era um cidadão australiano que estava de visita à sua família.A fronteira israelo-libanesa está mais tensa desde a guerra entre o Hezbollah e Israel em 2006, na sequência do recrudescimento das agressões das milícias pró-palestinianas no dia seguinte ao início da guerra entre o grupo islamita Hamas e Israel na Faixa de Gaza, a 7 de outubro.

Mais de 100 pessoas foram mortas no Líbano - a maioria combatentes do Hezbollah, mas civis, incluindo três jornalistas, também se encontram entre os mortos. 

Do lado israelita, pelo menos quatro civis e nove soldados morreram na fronteira com o Líbano desde o início das hostilidades. Milhares de civis que vivem em dezenas de comunidades na zona foram retirados pelo exército.

O Hezbollah, uma organização muçulmana xiita, é considerado uma organização terrorista pelos Estados ocidentais, por Israel, pelos países árabes do Golfo e pela Liga Árabe. Foi criada no início da década de 1980 pela potência xiita mais dominante da região, o Irão, para se opor a Israel na altura em que as forças israelitas ocupavam o sul do Líbano durante a guerra civil do país.

Os seus dirigentes elogiaram o ataque transfronteiriço sem precedentes lançado por homens armados do Hamas no sul de Israel em 7 de outubro, no qual foram mortas pelo menos 1 .200 pessoas - a maioria civis - e cerca de 240 outras foram feitas reféns.
Mais de 21.100 pessoas foram mortas em Gaza - na sua maioria crianças e mulheres - durante as 11 semanas de combates, segundo os números do Ministério da Saúde, dirigido pelo Hamas.

Milhares de famílias palestinianas em Gaza estão a tentar encontrar abrigo enquanto Israel alarga a sua ofensiva terrestre ao centro e ao sul do território.

Israel enviou mais de 200 mil soldados para a sua fronteira norte, onde a violência também deslocou milhares de pessoas: cerca de 80 mil pessoas foram retiradas de comunidades no norte de Israel e mais de 70 mil fugiram do sul do Líbano.

c/Agências
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