Israel aperta segurança antes das celebrações do Ramadão e da Páscoa

por Graça Andrade Ramos, RTP
Operação de segurança perto de Tel Aviv após a morte de duas pessoas baleadas por um atirador Reuters

O ministro da Defesa de Israel reuniu-se esta terça-feira em Amã com o Rei da Jordânia, Abdullah II, sobre os preparativos de segurança no seu país durante o próximo mês do Ramadão, que se inicia em abril e coincidirá com a Páscoa cristã e a Páscoa judaica.

De acordo com o palácio, Benny Gantz informou o monarca jordano sobre “as medidas que Israel tenciona aplicar em antecipação do mês do Ramadão, de forma a preservar a liberdade de culto em Jerusalém e na Cisjordânia”. O Ramadão celebra-se de 1 a 30 de abril, a Páscoa cristã a 17 de abril e a Páscoa judaica entre os dias 15 e 23 de abril.

A Jordânia e Israel partilham informações sobre ameaças comuns e coordenam operações de segurança em pequena e larga escala, para tentar controlar episódios de violência na região.

O mês do jejum para os muçulmanos costuma ser palco de confrontos entre os fiéis muçulmanos palestinianos e as forças armadas israelitas junto aos locais santos de ambos os povos, nomeadamente na Praça das Mesquitas em Jerusalém.

No ano passado a violência deste período levou à eclosão de um conflito de 11 dias com a Faixa de Gaza.

Este mês de março vários episódios de violência e de ameaças por parte do Grupo Estado islâmico, ISIS, marcaram o quotidiano israelita.
Estado de alerta
Dois ataques na semana passada em Hadera e em Beersheba foram reivindicados por membros afetos ao grupo islamita. Segunda-feira à noite, 12 suspeitos foram detidos pela polícia israelita em Wadi Ara, a norte e em Nazaré.

Outras operações domingo à noite foram efetuadas em Umm el-Fahm, cidade de origem de dois dos terroristas detidos pelo ataque em Hadera. A polícia israelita está sob o mais elevado estado de alerta em todo o país desde segunda-feira.

O tema da segurança para evitar a escalada da violência já tinha sido debatido entre Abdullah II e o Presidente da Autoridade Palestiniana, Mahmmoud Abbas, durante uma reunião em Ramallah, segunda-feira.

O rei garantiu a Abbas que permaneceria sempre ao lado dos palestinianos. “Estamos mais próximos e no mesmo barco”, afirmou, sublinhando a importância de atribuir à causa palestiniana o lugar de destaque na cena internacional “que pode ser eclipsado por crises recentes”.
Liberdade de culto
Horas depois, Abdullah II recordou a Benny Gantz a importância de remover a restrição de movimento durante o mês do Ramadão e apelou à ausência de “provocações” que possam levar a uma escalada de violência nos territórios ocupados.

Em resposta, o ministro da Defesa de Israel “enfatizou a importância de manter a paz e a estabilidade regionais e a necessidade de combater o terrorismo sob todas as suas formas, especialmente ações decididas contra o Grupo Estado islâmico, que coordenou ataques recentes em Israel”, revelou o comunicado emitido pelo palácio em Amã. Não foram divulgadas as medidas antecipadas pelo estado israelita.

“A importância da coordenação securitária durante o período santo assim como medidas adicionais que poderão ser adotadas para melhorar a vida dos palestinianos” foram outros dos assuntos abordados na reunião.

Perante Gantz, tal como previamente como com Abbas, o Rei da Jordânia sublinhou o seu apoio à solução de dois Estados para resolver o conflito israelo-palestinano.

Gantz desejou “Ramadam Kareem” a Abdullah II e a todo o povo jordano e agradeceu-lhe “a sua liderança e influência positiva na região, assim como a sua vontade em aprofundar relações pacíficas e expandir a cooperação entre o reino e Israel em todas as áreas” referiu o comunicado jordano.
Liderança isralelita
A reunião entre Gantz e Abdullah II foi coordenada com o primeiro-ministro israelita apesar de Naftali Bennet ter tentado numa primeira fase impedir encontros entre o seu ministro da defesa com o rei jordano e com Abbas.Gantz pretendia coordenar esforços para impedir a violência nas próximas semanas.

O encontro com Abdullah II coincidiu ainda com a reunião no deserto do Neguev dos chefes da diplomacia de cinco países árabes com os israelitas, a primeira do género.

Israel, Egipto, Marrocos, Emirados Árabes Unidos e Bahrein deixaram claro que vão cooperar para impedir o Irão de ter uma arma nuclear. Teerão reagiu em fúria e chamou traidores aos árabes.

A Jordânia, cuja população actual tem maioritariamente origem palestiniana, primou pela ausência apesar de ter sido um dos primeiros países da região a estabelecer a paz com Israel.

Abdullah II tem servido contudo de intermediário entre o Estado judeu e os palestinianos liderados por Mahmmou Abbas, com quem mantém laços estreitos e cuja independência face a Israel defende.

A Jordânia coopera contudo com Israel a nível militar. De acordo com relatórios de serviços de informação externos, a Jordânia autorizou mesmo Israel a utilizar o seu espaço aéreo na sua mais recente campanha na Síria.

Em outubro passado, um fotógrafo alemão revelou inadvertidamente a participação da Jordânia nos exercícios aéreos bi-anuais israelitas Bandeira Azul, ao publicar duas fotografias de caças jordanos nas redes sociais.

Até então, a presença das aeronaves da Jordânia nas duas semanas de exercícios militares tinha sido sigilosa.
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