Israel anuncia medidas para aliviar crise humanitária em Gaza antes do fim do prazo dado pelos EUA

por Rachel Mestre Mesquita - RTP
Amir Cohen - Reuters

A ajuda humanitária que entra na Faixa de Gaza está no nível mais baixo desde dezembro, de acordo com dados oficiais israelitas, apesar do ultimato de 30 dias que os EUA fizeram a 13 de outubro ao Estado hebraico, ameaçando com sanções se não houvesse um aumento dos fornecimentos humanitários ao território. Antes do fim do prazo, o gabinete de segurança israelita aprovou algumas medidas para melhorar a situação humanitária em Gaza mas vários grupos humanitários acusam Israel de não cumprir as exigências de Washington.

Entre as medidas aprovadas durante uma reunião de domingo está o aumento do número de camiões de ajuda humanitária na Faixa de Gaza, devastada pela guerra, revelou um funcionário israelita ao jornal The Times os Israel, na segunda-feira, adiantando que a maioria das exigências dos EUA foi satisfeita mas que deverão ficar àquem das expetativas de Washington.

Assim como a abertura de novos pontos de passagem para a ajuda humanitária para Gaza e o envio de de centenas de pacotes de alimentos e água entregues nas zonas de Jabalia e Beit Hanoun, no norte de Gaza, numa operação coordeanada pelo organismo governamental israelita que supervisiona a ajuda humanitária (COGAT), em cooperação com organizações internacionais de ajuda.

No mês passado os EUA instaram Israel a aumentar a ajuda humanitária no norte de Gaza através de um envio de uma carta, sob pena de um embargo parcial de armas de Washington, devido ao não cumprimento da lei americana que proíbe a transferência de armas para países que bloqueiam o acesso à ajuda humanitária. 

Entre as medidas exigidas pelos EUA está a obrigatoriedade de Israel permitir a entrada de 350 camiões por dia, aumentando assim a média de 100 camiões por dia, registada nos últimos meses. No entanto, o site informativo Axios escreve que Israel não será capaz de cumprir a exigência de 350 camiões estabelecida pelos EUA, citanto um funcionário israelita.

De acordo com oito organizações internacionais de ajuda humanitária Israel não cumpriu a maioria das exigências dos EUA para melhorar a crise humanitária em Gaza até ao limite de terça-feira. Segundo o relatório, divulgado esta terça-feira, Israel não cumpriu 15 e cumpriu apenas parcialmente quatro das 19 medidas apresentadas pelos EUA.
Alexandra Sofia Costa - Antena 1

“Israel não só não cumpriu os critérios dos EUA que indicariam apoio à resposta humanitária, mas simultaneamente tomou medidas que pioraram dramaticamente a situação no terreno, particularmente no Norte de Gaza”, afirmou um grupo de oito organizações de ajuda, incluindo a Oxfam, a Save the Children e o Conselho Norueguês para os Refugiados, num relatório de 19 páginas.

A chegar ao fim do prazo dado pelos EUA Israel dá sinais de avançar com algumas exigências para não vir a sofrer uma redução do apoio militar numa altura em que trava uma guerra contra o Hamas em Gaza e o Hezbollah no Líbano. Já Washington ainda não comentou se as condições apresentadas a Telavive foram cumpridas.
Prosseguem ataques em Gaza e no Líbano

Esta madrugada, as forças israelitas (IDF) prosseguiram com bombardeamentos no sul de Beirute, no Líbano, depois de terem emitido três avisos separados aos residentes para fugirem e ataques em Gaza que mataram 17 pessoas, incluindo 11 pessoas deslocadas na chamada "zona segura" de al-Mawasi. O número de mortos subiu durante a manhã para 25, depois de um ataque aéreo israelita na cidade de Deir e-Balah, matando pelo menos seis pessoas.

O recém ministro israelita da Defesa, Israel Katz, excluiu a possibilidade de um cessar-fogo ou trégua com o Hezbollah libanês no Líbano, que tem sido palco de uma série de ataques das forças israelitas nas últimas semanas. "No Líbano não haverá cessar-fogo e não haverá tréguas. Continuaremos a atacar o Hezbollah com toda a força até que os objetivos da guerra sejam alcançados", afirma Israel Katz, numa publicação na rede social X,  publicada esta terça-feira. 



"Israel não concordará com qualquer acordo que não garanta o direito de Israel de impor e impedir o terrorismo por si próprio e de cumprir os objetivos da guerra no Líbano", prossegue o ministro, apontando "o desarmamento do Hezbollah e a sua retirada para além do rio Litani" e "o regresso em segurança dos residentes (israelitas) do norte às suas casas".

c/ agências

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