Israel anunciou hoje que, durante a última semana, 237 camiões de assistência humanitária entraram no norte da Faixa de Gaza, embora as Nações Unidas indiquem que, este mês, apenas foram autorizados 06% dos transportes de ajuda ao território palestiniano.
O Exército israelita afirmou que, desde 14 de outubro, 237 camiões com alimentos, água, medicamentos e materiais de abrigo enviados pela Jordânia e pela comunidade internacional foram transportados para o norte da Faixa de Gaza através de uma nova passagem, denominada por Israel como Erez West.
"Deve ser salientado que toda a ajuda foi transferida depois de passar por extensas verificações de segurança", segundo o Exército em comunicado.
Apesar desta entrega declarada pelas forças israelitas, o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) assinalou hoje em comunicado que, "entre 01 e 21 de outubro, apenas 06% (quatro em 70) dos movimentos de ajuda coordenados, destinados a prestar assistência humanitária nas províncias do Norte de Gaza e de Gaza, através do posto de controlo de Al-Rashid, foram facilitados pelas autoridades israelitas".
No dia 15 de outubro, os Estados Unidos alertaram Israel para as possíveis consequências relativamente ao seu apoio militar se a situação humanitária na Faixa de Gaza não melhorar no prazo de um mês.
Desde então, as autoridades israelitas têm emitido declarações quase diárias sobre o número de camiões que entram no território palestiniano (a maioria dos quais não podem ser distribuídos pelas agências humanitárias devido aos constantes bombardeamentos), enquanto os residentes descrevem uma situação cada vez mais desesperada.
O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, voltou hoje ao assunto e pediu ao primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, "medidas adicionais" para permitir que a ajuda humanitária chegue aos civis "de uma ponta à outra" do território palestiniano.
As duas partes discutiram também "o tipo de governo em Gaza no rescaldo da guerra", referiu o gabinete de Netanyahu, sem mais detalhes.
Washington tem instado o Governo israelita a desenvolver um plano para o fim da guerra, alertando que, de contrário, a situação no enclave poderá agravar-se.
O cerco militar israelita ao norte do território palestiniano continuou hoje pelo 18.º dia consecutivo e o número de mortos já ultrapassou os 700, segundo dados do grupo islamita Hamas, após um dia de novos ataques e da deslocação forçada da população.
Em 04 de outubro, Israel emitiu novas ordens de retirada para cerca de 400 mil habitantes das cidades do norte de Jabalia - e do seu campo de refugiados homónimo -, Beit Hanoun e Beit Lahia, acompanhadas de bombardeamentos contra edifícios residenciais e ataques de artilharia.
Hoje, pelo menos 15 habitantes da Faixa de Gaza foram mortos, incluindo mulheres e crianças, em ataques com caças, drones e artilharia em Beit Lahia, segundo fontes médicas citadas pela agência palestiniana Wafa, uma dúzia dos quais num bombardeamento contra um grupo de deslocados na passagem de Abu al-Yidian.
Além disso, pelo menos oito civis foram mortos e vários outros ficaram feridos num bombardeamento israelita contra a zona de Al-Alami, no campo de Jabalia, informaram fontes locais.
Um dos piores ataques ocorreu no passado domingo, matando mais de 70 palestinianos num complexo residencial em Beit Lahia, de acordo com dados do Ministério da Saúde do território, controlado pelo Hamas.
A guerra na Faixa de Gaza começou no dia 07 de outubro de 2023, com um ataque do Hamas que matou cerca 1.200 pessoas em solo israelita, de onde outras 251 foram levadas como reféns.
Em retaliação, Israel lançou uma ofensiva em grande escala na Faixa de Gaza, que já provocou acima de 42 mil mortes, de acordo com as autoridades locais do Hamas.