Israel admite forças militares em frente de combate na fronteira síria

por Lusa

O chefe do Estado-Maior do Exército israelita, Herzi Halevi, garantiu hoje que a Síria se tornou a quarta frente em que mantém uma operação terrestre, juntando-se a Gaza, à Cisjordânia e ao Líbano.

"As tropas terrestres estão envolvidas no combate em quatro frentes contra o terrorismo, na Cisjordânia, Gaza e Líbano. E agora enviámos tropas para o território sírio", disse Halevi numa visita aos recrutas do Exército da Brigada Golani, referindo-se ao derrube do regime na Síria.

Esta manhã, as Forças Armadas israelitas anunciaram o envio de tropas para a zona desmilitarizada na fronteira entre os Montes Golã, território sírio que Israel ocupa desde 1967, e a Síria, sob o pretexto de pôr fim às ameaças.

Halevi explicou que em todas estas frentes as forças terrestres cooperam com as forças aéreas, marítimas e de informações militares.

Na Síria, por enquanto, Israel apenas confirmou a sua presença terrestre na zona desmilitarizada, embora os meios de comunicação social sírios tenham noticiado bombardeamentos aéreos ao longo da tarde, alguns deles em Damasco.

"Hoje, aeronaves israelitas lançaram ataques contra o aeroporto militar de Mezzeh, em Damasco, e atacaram também os arredores da aldeia de Beitima, em Jabal al-Sheikh, nos arredores ocidentais de Damasco", informou também o Observatório Sírio para os Direitos Humanos.

Este Observatório acrescentou que o ataque provocou explosões violentas e uma imponente coluna de fumo, embora até ao momento não tenham sido divulgados números de mortos devido a estes ataques.

Esta tarde, o Exército israelita ordenou aos habitantes de cinco cidades localizadas na zona desmilitarizada (mas que é território sírio) que permanecessem nas suas casas, por razões de segurança.

Embora as Forças Armadas israelitas também não o tenham confirmado, a imprensa local também noticiou a tomada por Israel da zona síria do Monte Meron, no extremo norte dos Montes Golã (tanto na parte ocupada por Israel, como na Síria), para evitar que caia nas mãos dos rebeldes após a queda das forças do regime do Presidente Bashar al-Assad.

Os rebeldes declararam hoje Damasco `livre` do Presidente Bashar al-Assad, após 12 dias de ofensiva de uma coligação liderada pelo grupo islâmico Organização de Libertação do Levante (Hayat Tahrir al Sham ou HTS, em árabe), juntamente com outras fações apoiadas pela Turquia, para derrotar o governo sírio.

O Presidente sírio, no poder há 24 anos, deixou o país perante a ofensiva rebelde, segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), desconhecendo-se, para já, o seu paradeiro.

Rússia, China e Irão manifestaram preocupação pelo fim do regime, enquanto a maioria dos países ocidentais e árabes se mostrou satisfeita por Damasco deixar de estar nas mãos do clã Assad.

No poder há mais de meio século na Síria, o partido Baath foi, para muitos sírios, um símbolo de repressão, iniciada em 1970 com a chegada ao poder, através de um golpe de Estado, de Hafez al-Assad, pai de Bashar, que liderou o país até morrer, em 2000.

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